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domingo, 30 de agosto de 2020

As rainhas da Columbia

 

Atualmente como parte do grupo Sony, a produtora e distribuidora Columbia Pictures consolidou-se ao longo das décadas como um dos seis grandes estúdios de Hollywood, por trás de grandes clássicos como 'Rocky Balboa' (1976), 'Taxi Driver' (1976), 'Conta Comigo' (Stand by Me, 1986), 'Funny Girl' (1968) e 'A Um Passo da Eternidade' (From Here to Eternity, 1953). 

Fundada em 1918 pelos pelos irmãos Jack e Harry Cohn e seu parceiro de negócios, Joe Brandt, com o nome de Cohn-Brandt-Cohn (CBC) Film Sales Corporation, a empresa amargou alguns anos como um estúdio secundário no cenário norte-americano. Apenas em 1924, passou a ser conhecida como Columbia Pictures e a utilizar o icônico logotipo com a personificação feminina dos Estados Unidos. 


Inicialmente limitando-se a curtas e filmes de baixo orçamento, aos poucos foi começando a crescer e ousar mais em suas produções. Sua escalada rumo ao sucesso comercial começou com a chegada do diretor Frank Capra, que exigia qualidade em seus trabalhos e não se contentava com materiais de baixo custo. O lançamento de 'Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night, 1934), primeiro longa a vencer as cinco principais categorias do Oscar, finalmente colocou a empresa no mapa e, pela primeira vez, no mesmo patamar dos maiores estúdios da época.

Clark Gable, Claudette Colbert (e Shirley Temple) e Frank Capra com suas estatuetas


Apesar do rápido crescimento, a Columbia ainda não podia se dar ao luxo de ter uma grande lista de atores contratados, apelando muitas vezes para os estúdios rivais. Sua principal fonte de empréstimos era a MGM, cujo slogan era 'mais estrelas do que o céu', em alusão a quantidade de nomes famosos em seu portfólio, tais como Greta Garbo, Clark Gable e Jean Harlow. Louis B. Mayer costumava utilizar os empréstimos como forma de castigo para os astros que lhe desobedeciam de alguma forma, fazendo com que a Columbia logo ganhasse o jocoso apelido de Sibéria.


Foto da 'Família MGM' em meados da década de 40, com estrelas como James Stewart, Hedy Lamarr, Katharine Hepburn, Spencer Tracy, Greer Garson e Robert Taylor

Jean Arthur

Ainda durante a década de 30, a Columbia descobriu sua primeira grande estrela na quase desconhecida Jean Arthur. Iniciando no cinema mudo, a atriz enfrentava a instabilidade em sua carreira, recebendo muitas críticas negativas por conta de sua atuação e de sua aparência. Seu papel de maior destaque até então tinha sido como coadjuvante de Clara Bow em um de seus primeiros filmes falados, 'The Saturday Night Kid' (1929), onde também contracenou com uma principiante Jean Harlow. Em 1931, após tingir suas madeixas escuras de loiro, Arthur decidiu mudar-se para Nova York e tentar a sorte nos palcos da Broadway, o que se mostrou uma decisão acertada para ela. Muito tímida e insegura, ela finalmente conseguiu adquirir confiança para atuar e encarar o público, conquistando elogios por seu desempenho no teatro. 

Jean Arthur, Clara Bow, Jean Harlow e Leona Lane

De volta a Hollywood no final de 1933, estrelou o longa 'Fatalidade' (Whirlpool , 1934), seu primeiro trabalho pela Columbia. Durante a produção, foi oferecido um contrato de cinco anos com o estúdio. Mesmo adorando os palcos, a estabilidade financeira e profissional que lhe estava sendo ofertada não era algo que pudesse recusar. No ano seguinte, Jean Arthur apareceu ao lado de Edward G. Robinson em 'O Homem Que Nunca Pecou' (The Whole Town's Talking, 1935). Aos 34 anos, a atriz finalmente começava a sentir o sabor do sucesso, arrancando elogios da crítica e com sua popularidade em franco crescimento. Sob a direção de Frank Capra, protagonizou 'O Galante Mr. Deeds' (Mr. Deeds Goes to Town, 1936), que lhe alçou ao estrelato internacionalmente. Nos anos seguintes, esteve em 'Jornadas Heroicas' (The Plainsman, 1936), este por empréstimo à Paramount, 'Garota de Sorte' (Easy Living, 1937) e no vencedor do Oscar 'Do Mundo Nada Se Leva' (You Can't Take It With You, 1938), novamente em parceria com Capra. Durante este período, chegou a ser uma das quatro finalistas para interpretar Scarlett O'Hara em 'E O Vento Levou' (Gone With The Wind, 1939).

Jean Arthur durante os testes para o papel de Scarlett O'Hara

Apesar de estar no auge de sua popularidade, protagonizando 'A Mulher Faz o Homem' (Mr. Smith Goes to Washington, 1939), 'Paraíso Infernal' (Only Angels Have Wings, 1939), 'O Assunto do Dia' (The Talk of the Town, 1942) e 'Original Pecado' (The More the Merrier, 1943) pelo qual foi indicada ao Oscar, Jean Arthur deixou a Columbia no final de seu contrato em 1944. Reza a lenda que a atriz saiu pelas ruas do estúdio gritando 'Estou livre! Estou livre!'. Um dos motivos de seu descontentamento foi sua briga com Harry Cohn após ganhar apenas a metade do salário que Cary Grant and Ronald Colman receberam em 'O Assunto do Dia'.

Rita Hayworth, Cary Grant e Jean Arthur em 'Paraíso Infernal' 

Rita Hayworth

Com Jean Arthur fora da Columbia, o reinado passou para sua coadjuvante em 'Paraíso Infernal', Rita Hayworth. Norte-americana com ascendência espanhola, Margarita Cansino teve a vida artística  imposta por sua família, fazendo aulas e apresentações de dança ao lado do pai desde a infância. Na década de 30, mudou seu nome para Rita Cansino e começou a trabalhar em pequenos papéis no cinema, geralmente interpretando jovens exóticas, das mais variadas nacionalidades. Em 1936, assinou um contrato de 7 anos com a Columbia, inicialmente tendo pouco destaque. Por conta de sua imagem excessivamente latina, Harry Cohn exigiu uma série de mudanças para 'americaniza-la'. Pela segunda e última vez, ela modificou seu nome, desta vez para Rita Hayworth, fez eletrólise para aumentar a testa e pintou os cabelos de ruivo. 

O processo de americanização de Rita Hayworth; Nota-se também mudanças nas sobrancelhas, no nariz e no queixo da atriz.

No início dos anos 40, apareceu em 'Anjos da Broadway' (Angels Over Broadway, 1940), 'Protegida de Papai' (The Lady in Question, 1940), primeiro de cinco filmes que fez com Glenn Ford, e 'Melodia em Meu Coração' (Music in My Heart, 1940). No ano seguinte, foi emprestada para a Warner onde foi coadjuvante em 'Uma Loira Com Açucar' (The Strawberry Blonde, 1941) e para a 20th Century Fox como uma das protagonistas de 'Sangue e Areia' (Blood and Sand, 1941). Ao voltar para a Columbia, estrelou ao lado de Fred Astaire o musical 'Ao Compasso do Amor' (You Never Get Rich, 1941), um dos maiores orçamentos do estúdio até então. Com o sucesso atingido, uma segunda produção reunindo a dupla logo foi providenciada, com o título 'Bonita Como Nunca' (You Were Never Lovelier, 1942). Com a estréia de 'Modelos' (Cover Girl, 1944) e a recente saída de Arthur, Rita Hayworth estabeleceu-se como o maior nome do estúdio. Atuou em 'O Coração de uma Cidade' (Tonight and Every Night, 1945) e 'Quando os Deuses Amam' (Down to Earth, 1947), mas foi no noir 'Gilda' (1946) que atingiu o auge de sua carreira, tornando-se um dos maiores símbolos sexuais do cinema e um ícone da cultura popular.

A icônica cena do striptease apenas da luva em 'Gilda'

Em 1947, ao lado do então marido Orson Welles, Rita encarnou mais uma femme fatale em 'A Dama de Shanghai' (The Lady from Shanghai). Sua indefectível cabeleira ruiva até os ombros deu lugar a curtas madeixas platinadas, para a fúria do controlador Harry Cohn, que não havia sido consultado para a mudança da imagem de sua musa. O filme acabou sendo um fracasso de bilheteria, embora a crítica tenha sido muito elogiosa ao seu desempenho. No ano seguinte, já com seu visual restabelecido e novamente ao lado de Glenn Ford, transformou-se em uma cigana sedutora em 'Os Amores de Carmen' (The Loves of Carmen, 1948), recebendo pela primeira vez uma porcentagem dos lucros. 

Ao lado de Orson Welles nos bastidores do polêmico 'A Dama de Shanghai'

Embora ainda legalmente casada com Welles, Rita conheceu durante uma viagem a Cannes o charmoso príncipe Aly Khan e os dois logo iniciaram um romance. Subiram ao altar em 1949, tornando-a a primeira atriz a receber o título oficial de princesa. Cansada de sua vida no showbiz, decidiu deixar Hollywood e iniciar uma nova vida na França, ao lado do marido, quebrando assim seu contrato com a Columbia. Mas não demoraria muito para que a bela descobrisse que seu príncipe não tinha nada de encantado. Conhecido por seu estilo bon vivant, Aly Khan levava uma vida extravagante e agitada, não se contentando com apenas uma mulher, mesmo que ela fosse uma das deusas do cinema. Além do mais, as inúmeras obrigações impostas à sua nova posição e as dificuldades com o francês fizeram com que a relação entre os dois terminasse em separação. Em 1951, ela partiu para Nova York com suas duas filhas, divorciando-se oficialmente em 1953.

Com o marido Aly Khan

Seu retorno às telas aconteceu em 'Uma Viúva em Trinidad' (Affair in Trinidad, 1952), que chegou a arrecadar um milhão de dólares a mais do que 'Gilda' nas bilheterias. Continuou sendo bem-sucedida com os longas 'Salome' (1953) e 'Mulher de Satã' (Miss Sadie Thompson, 1953), recriando a personagem que já havia sido feita por Gloria Swanson e Joan Crawford. Um novo matrimônio, este com o cantor Dick Haymes, afastou-a outra vez da vida artística. O outrora promissor Haymes estava agora endividado, sendo processado pelas duas esposas anteriores pelo não pagamento de pensões alimentícias, além de ter problemas com a imigração por não conseguir provar sua cidadania americana. A turbulenta união entre os dois foi repleta de fortes emoções, com pilhas de dívidas, ameaças de prisão e muito álcool. Após ser agredida em público pelo marido , a atriz deu um ponto final no já fragilizado relacionamento. Voltando-se novamente para sua carreira após quatro anos afastada, Rita já não era mais o principal nome da Columbia. Durante sua ausência, a jovem Kim Novak havia assumido seu posto de rainha. A ruiva ainda estrelaria 'Lábios de Fogo' (Fire Down Below, 1957), 'Meus Dois Carinhos' (Pal Joey, 1957), junto com a própria Novak e Frank Sinatra, e 'Heróis de Barro' (They Came to Cordura, 1959), antes de deixar para sempre o estúdio. 

Kim Novak, Rita Hayworth e Frank Sinatra fotografados nos bastidores de 'Meus Dois Carinhos'

Kim Novak

Para além de uma substituta para o cargo de Hayworth como maior nome da Columbia, Kim Novak surgiu para Harry Cohn como a resposta perfeita para outro dilema. Marilyn Monroe havia despontado para o sucesso e ganhava rios de dinheiro para a 20th Century Fox com papéis estereotipados, que a própria atriz odiava. Com isso, todos os estúdios buscavam ter sua própria versão da loira sexy e inocente que o público tanto parecia adorar. Jayne Mansfield, Diana Dors e Mamie Van Doren foram algumas das mais famosas escolhas; 


Nascida Marilyn Pauline Novak, a então modelo e figurante da RKO, assinou um contrato de longo prazo com a Columbia, tendo como missão ser uma espécie de mistura de Rita Hayworth e Marilyn Monroe. Ironicamente, a bela jovem, que tanto buscava ter sua própria personalidade, precisou mudar seu nome (Marilyn) para ser lançada pelo estúdio como uma nova Monroe. Cohn escolheu 'Kit Marlowe' como sua alcunha, mas ela permaneceu firme insistindo para manter seu sobrenome 'Novak'. Os dois lados chegaram a um acordo e 'Kim Novak' foi o nome vencedor. Seu primeiro filme pelo estúdio foi no noir 'A Morte Espera no 322' (Pushover, 1954), seguido pela comédia 'Abaixo o Divórcio' (Phffft, 1954), ambos com papéis coadjuvantes. No ano seguinte, protagonizou ao lado de Guy Madison 'No Mau Caminho' (5 Against the House, 1955), obtendo pouco reconhecimento. 'Férias de Amor' (Picnic, 1955) transformou-a em uma estrela, vencedora do Globo de Ouro como maior revelação daquele ano e indicada ao BAFTA como melhor atriz estrangeira. Ainda em 1955, protagonizou ao lado de Frank Sinatra outro sucesso de bilheteria, 'O Homem do Braço de Ouro' (The Man with the Golden Arm).


Seus próximos projetos, além de 'Meus Dois Carinhos (Pal Joey, 1957), foram os biográficos 'Melodia Imortal' (The Eddy Duchin Story, 1956) e 'Lágrimas de Triunfo' (Jeanne Eagels, 1957), onde interpreta a polêmica atriz do cinema mudo. O longa gerou um processo movido pela família de Eagels, que considerou pejorativa a forma com a qual ela é retratada. 

Como Jeanne Eagels em 1957

Em 1958, em meio a boatos de um polêmico romance com Sammy Davis Jr., Kim Novak foi dirigida por Alfred Hitchcock naquele que seria seu filme mais emblemático. Substituindo Vera Miles, primeira escolha do diretor, que havia abandonado a produção após descobrir-se grávida, a atriz teve a oportunidade de mostrar seu talento interpretando dois papéis em Um Corpo Que Cai (Vertigo). A loira afirmou certa vez: 'Do meu ponto de vista, quando li pela primeira vez aquelas linhas onde ela diz: "Eu quero que você me ame por mim", e todas as conversas naquela cena, eu me identifiquei muito com isso porque ir para Hollywood como uma jovem garota e de repente descobrir que eles querem te transformar totalmente, é uma mudança total e era como se eu estivesse sempre lutando para mostrar um pouco de mim, sentindo que eu queria estar lá também. Era como se eles penteassem meu cabelo e refizessem um monte de coisas. Então eu realmente me identifiquei com o fato de alguém que estava sendo substituído pelo ressentimento, pelo desejo, precisando de aprovação e querendo ser amado e disposto, eventualmente, a fazer qualquer coisa para conseguir isso mudando seu cabelo e todas essas coisas. E então quando Judy aparece, é outra história e então quando ela tem que passar por essa mudança. Eu realmente me identifiquei com o filme porque dizia: "Por favor, veja quem eu sou. Apaixone-se por mim."

Com Alfred Hitchcock nos bastidores de 'Um Corpo Que Cai'

Voltou a se reunir com James Stewart ainda no mesmo ano, na comédia-romântica 'Sortilégio de Amor' (Bell, Book and Candle), que provou-se um sucesso de bilheteria, ao contrário do primeiro encontro dos dois. Embora o longa de Hitchcock tenha o merecido reconhecimento nos dias de hoje, na época de seu lançamento foi um fracasso de público e crítica; Protagonizou ao lado de Fredric March o drama 'Crepúsculo de uma Paixão' (Middle of the Night, 1959), o qual afirmou ser seu desempenho favorito. Seus trabalhos seguintes foram os bem-sucedidos 'O Nono Mandamento' (Strangers When We Meet, 1960) e 'Aconteceu Num Apartamento' (The Notorious Landlady, 1962). Após um contrato independente com outra produtora, apareceu na comédia 'Uma Vez Por Semana' (Boys 'Night Out, 1962) e na refilmagem de 'Servidão Humana' (Of Human Bondage, 1964), ambos sem muito destaque. 

Em cena de 'Sortilégio de Amor'

Seu próximo projeto foi na comédia de Billy Wilder 'Beija-me, Idiota!' (Kiss Me, Stupid, 1964), que acabou tendo problemas com a Legião da Decência por conta de piadas consideradas apimentadas demais. No ano seguinte, interpretou a personagem- título em 'As Aventuras Escandalosas de uma Ruiva' (The Amorous Adventures of Moll Flanders, 1965), inspirado em 'As Aventuras de Tom Jones' (Tom Jones,1963), protagonizado por Albert Finney. Foi escada para o drama sobre ocultismo 'O Olho do Diabo' (Eye of the Devil, 1966), ao lado de David Niven e Sharon Tate, mas acabou se retirando da produção, sendo substituída por Deborah Kerr. Cansada da sequência exaustiva de gravações e emocionalmente abalada após um deslizamento de terra que destruiu sua casa, a atriz decidiu deixar Hollywood e diminuir o ritmo de trabalho.

A atriz em seu refúgio em Big Sur

Após sua mudança, passou a dedicar-se à pintura, à poesia e começou a compor músicas, que chegaram a ser gravadas por cantores como Harry Belafonte. Voltou ao cinema no longa 'A Lenda de Lylah Clare' (The Legend of Lylah Clare, 1968), que teve uma péssima recepção e foi fortemente criticado. Sem que ela soubesse, o diretor Robert Aldrich decidiu dublar sua voz em diversas cenas, já que sua personagem deveria ter um forte sotaque alemão. Seu último filme na década de 60 foi 'O Grande Roubo do Banco' (The Great Bank Robbery, 1969). Nos anos subsequentes, a atriz apareceu em filmes esporadicamente, com destaque para 'Testemunha da Loucura' (Tales That Witness Madness, 1973), 'Apenas um Gigolô' (Just a Gigolo, 1979), 'A Maldição do Espelho' (The Mirror Crack'd, 1980), 'As Crianças' (The Children, 1990) e 'Liebestraum - Atração Proibida' (Liebestraum, 1991), além de participações em programas de televisão. Aposentou-se definitivamente em 1992.
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domingo, 25 de agosto de 2019

Curiosidades e personagens reais em Era uma Vez em.. Hollywood (Once Upon A Time...in Hollywood, 2019)



Mesclando o excessivo uso da violência com inúmeras alusões à cultura pop, os filmes de Quentin Tarantino sempre dividiram opiniões e atraíram a atenção de público e crítica. Há quem o acuse de fazer apenas imitações baratas e apelativas de obras já consagradas e há quem considere o homem um verdadeiro gênio. Polarizações à parte, o que não da para negar é a paixão do diretor pela sétima arte.

Em seu mais recente trabalho, o cineasta usa toda a sua engenhosidade ao misturar novamente eventos históricos com a ficção, criando uma verdadeira declaração de amor ao cinema. As referências já podem ser notadas logo no título do longa, que homenageia uma das grandes inspirações de Tarantino, o italiano Sergio Leone, responsável pelos clássicos 'Era uma Vez no Oeste' (Once Upon a Time in the West, 1968) e 'Era uma Vez na América' ( Once Upon a Time in America, 1984).


Transportados diretamente para a Hollywood de 1969, acompanhamos três núcleos distintos que se conectam no decorrer da trama. No primeiro deles, temos o ator em declínio Rick Dalton e seu dublê e melhor amigo Cliff Booth, lutando para reavivar suas carreiras; Paralelamente, seguimos o cotidiano da estrela em ascensão Sharon Tate, assim como o de um grupo de jovens hippies que tem como líder Charles Manson.

Atuando juntos pela primeira vez, embora já tenham sido dirigidos por Tarantino, respectivamente, em 'Django Livre' (Django Unchained, 2012) e 'Bastardos Inglórios' (Inglourious Basterds, 2009), temos Leonardo DiCaprio interpretando com louvor Rick Dalton e Brad Pitt roubando a cena como Cliff Booth. Dalton foi um ator de muito sucesso em uma série de western para a televisão nos anos 50, mas após mais de uma década de carreira enfrenta a escassez de oportunidades, tendo que se contentar com pequenas pontas como vilão de seriados famosos. Já Booth, que anteriormente trabalhava como dublê, se conforma em ocupar seu tempo fazendo pequenas tarefas para o amigo famoso.


A linda Margot Robbie vive uma cativante e alegre Sharon Tate, embriagada por seu sucesso iminente e sempre rodeada de amigos famosos, como Steve McQueen e Michelle Phillips. Recém-casada com o prestigiado diretor Roman Polanski (Rafal Zawierucha), ela passa seus dias em numa mansão alugada, localizada ao lado da casa de Rick Dalton.

Para dar um toque mais pessoal, a irmã de Sharon, Debra Tate emprestou algumas das joias que pertenceram à atriz para que Margot Robbie usasse durante a produção.


O núcleo 'hippie' é encabeçado pela atriz Margaret Qualley, que vive a jovem 'Pussycat'. Andando sem rumo pelas ruas e pedindo carona a estranhos, ela conhece Cliff Booth e o leva ao Spahn Ranch, local onde mora com a chamada 'Família Manson'.


Personagens reais 

A partir daqui a postagem pode conter spoilers sobre algumas cenas

Sharon Tate (Margot Robbie)



A atriz, que começou sua carreira sendo Miss Richland e fazendo trabalhos como modelo, começava a alcançar a fama, graças a filmes como 'A Dança dos Vampiros' (The Fearless Vampire Killers, 1967) - onde conheceu e se apaixonou por seu futuro marido, Roman Polanski - 'O Vale das Bonecas' (Valley of the Dolls, 1967) e 'Arma Secreta contra Matt Helm' (The Wrecking Crew, 1968). 

Roman Polanski (Rafal Zawierucha)


Marido de Sharon Tate, o diretor desfrutava do sucesso de seu filme 'O Bebê e Rosemary' (Rosemary's Baby, 1968) e despontava como um dos nomes mais promissores da época. Estava viajando quando sua esposa foi morta.

Bruce Lee (Mike Moh)


A maior polêmica em torno do filme é sem dúvida a respeito de Bruce Lee. Em uma das cenas, o ator é retratado como um homem esnobe e egocêntrico, que acaba perdendo uma briga para o personagem de Brad Pitt. A filha de Lee mostrou-se revoltada pela a maneira com a qual seu pai foi lembrado no longa, embora Tarantino tenha afirmado não ter cometido nenhuma injustiça. Fato comprovado mesmo é que o astro, que chegou a ser professor de Kung Fu antes da fama realmente treinou Sharon Tate para seu papel no longa 'Arma Secreta contra Matt Helm'.

Jay Sebring (Emile Hirsch)


Ex-namorado de Sharon Tate, Jay Sebring era cabeleireiro de diversos astros da época, como a própria Sharon, Paul Newman e Kirk Douglas. Foi uma das vítimas fatais do ataque feito pelos seguidores de Manson.

James Stacy (Timothy Olyphant)


Astro da série de televisão Lancer, na qual Rick Dalton faz uma participação, o ator também acabou sendo vítima de um fato trágico ao sofrer um acidente com sua moto. Sua namorada na época acabou morrendo e ele precisou amputar um braço e uma perna. No longa, Stacy é visto deixando o set de filmagem em sua moto, em uma alusão ao acontecido.

Wayne Maunder (Luke Perry)


Último filme de Luke Perry, falecido em março deste ano. Nele, o ator interpreta Wayne Maunder, também astro da série Lancer, dividindo a cena com Leonardo DiCaprio em uma pequena participação.

Steve McQueen (Damian Lewis)


Amigo de Sharon Tate e Roman Polanski, Steve McQueen foi um dos convidados da pequena festa dada pela atriz no dia de sua morte. O ator estava a caminho da casa, mas encontrou-se com uma garota e decidiu ir com ela para outro lugar. Após a tragédia, McQueen nunca mais saiu sem sua arma.

Charles Manson (Damon Herriman)


Charles Manson aparece apenas uma vez em todo o filme porém é mencionado por suas seguidoras posteriormente ao longo da história. Curiosamente, o ator Damon Herriman também interpreta Manson na série 'Mindhunter'.

Kathryn 'Kitty' Lutesinger (Margaret Qualley)


A personagem foi utilizada no filme principalmente como elo entre Cliff Booth e os seguidores de Manson. Foi livremente inspirada em Kitty Lutesinger, um membro de pouca importância na 'Família Manson'. Namorada de Bobby Beausoleil, estava grávida quando ele foi preso pelo assassinato de Gary Hinman, ocorrido dias antes do massacre na casa de Tate. A jovem de então 17 anos, denunciou Susan Atkins à polícia porém se comportava de maneira instável, oscilando entre fugir e voltar a fazer parte do grupo.

Lynette 'Squeaky' Fromme (Dakota Fanning)



'Squeaky' tinha como função específica no grupo cuidar da casa e fazer sexo com George Spahn, de 78 anos, proprietário do Spahn Ranch, em troca de moradia para Charles Manson e seus seguidores. Após a prisão dos membros do grupo, chegou a protestar junto com outros membros pela liberação de Manson, e foi presa após tentar matar o então presidente dos EUA Gerald Ford, em 1975.

Catherine 'Gipsy' Share (Lena Dunham)


Gypsy, como era conhecida pelos seguidores de Manson, era a mais velha das mulheres integrantes do grupo, com 26 anos. Embora não tenha estado envolvida diretamente nos crimes, foi ela quem recrutou para o clã Linda Kasabian e Leslie Van Houten. Foi presa algumas vezes por assaltos e hoje dedica-se a escrever um livro a respeito de seu passado.

Não consegui encontrar fotos dos atores que serão citados abaixo no filme para ilustrar a postagem, então vou utilizar uma imagem que não faz parte da caracterização dos personagens.

Charles “Tex” Watson (Austin Butler)


Watson foi o principal assassino tanto do caso Tate quanto do caso La Bianca, ocorridos nos dias 9 e 10 de agosto. Ao invadir a casa da atriz, teria dito a frase 'Eu sou o Diabo e vim aqui para fazer coisas do demônio.'

Susan Atkins (Mikey Madison)


Foi a assassina confessa de Sharon Tate, revelando posteriormente que a atriz chegou a implorar pela vida de seu filho. Também participou do assassinato de  Leno e Rosemary LaBianca. No filme acaba tendo um papel importante no desfecho da história. 

Patricia Dianne Krenwinkel, mais conhecida como Katie (Madisen Beaty)


Assassina da socialite amiga de Sharon Tate, Abigail Folger, herdeira da fortuna de uma empresa de café. Atualmente é a detenta mais antiga do estado da Califórnia, junto com Leslie Van Houten, que participou da morte do casal LaBianca.

Linda Kasabian (Maya Hawke)


Interpretada por Maya Hawke, filha de Uma Thurman (musa de Tarantino), Linda Kasabian é a última dos quatro integrantes que participaram do assassinato de Sharon Tate e seus amigos. No longa, a personagem fica apavorada e acaba fugindo do local antes da invasão, mas não foi essa a verdade exata dos fatos. Kasabian foi uma testemunha chave do caso, prestando depoimento em troca de imunidade. Ela afirmou não ter participado do massacre, sendo apenas uma espectadora e atuando como vigia a mando de Tex. Não foram encontradas evidências físicas de sua participação nos assassinatos em si.

Sam Wanamaker (Nicholas Hammond)



Nicholas Hammond, intérprete de Friedrich em 'A Noviça Rebelde' (The Sound of Music, 1965) faz uma pequena ponta como o diretor da série Lancer.

George Spahn (Bruce Dern)


Burt Reynolds havia sido originalmente escalado para interpretar George Spahn porém o ator faleceu pouco tempo antes do início das filmagens, sendo substituído por Bruce Dern. Proprietário do rancho onde Manson e seus seguidores se instalaram, Spahn comprou a propriedade em 1948. Tendo pertencido anteriormente ao ator do cinema mudo William Hart, o Spahn Ranch chegou a servir de cenário para filmes como 'Duelo ao Sol' (Duel In the Sun, 1946) e séries como 'Bonanza' (1959 - 1973).

Referências e menções honrosas 


Não há como falar sobre menções honrosas sem citar a mais do que especial participação de Al Pacino no longa, interpretando um agente de atores que tenta fazer com que Rick Dalton vá para a Itália estrelar filmes spaghetti western, gênero popularizado por Clint Eastwood e sua 'Trilogia dos Dólares' na década de 60. O narrador nos informa que Dalton acabou aceitando a proposta e fazendo relativo sucesso ao protagonizar os filmes de Antonio Margheriti. Embora o cineasta tenha realmente existido, é clara a referência a 'Bastardos Inglórios' (Inglourious Basterds, 2009), quando o sargento Donny Donowitz (Eli Roth) tenta pronunciar o nome do diretor sem conseguir disfarçar seu sotaque americano. (Veja a cena)


Outra participação cheia de referências é a de Kurt Russell, que em 2007 interpretou o dublê Stuntman Mike em À Prova de Morte (Death Proof), onde contracena com Zoe Bell, que além de atriz também é dublê na vida real, responsável inclusive pelas cenas de ação de Uma Thurman em Kill Bill Vol. I e II (2003 e 2004). No novo longa de Tarantino, os dois voltam a atuar juntos, desta vez como um casal que repudia o personagem de Brad Pitt, Cliff Booth, por conta dos rumores de que ele tenha matado sua própria esposa e escapado impunemente. As suspeitas em torno do personagem fazem alusão ao mistério envolvendo a morte de Natalie Wood, quando após uma noite de bebedeira em seu barco, onde estavam presentes seu marido Robert Wagner e o ator Christopher Walken, a atriz acabou sendo encontrada sem vida na manhã seguinte, vítima de afogamento. Não se sabe até hoje o que realmente aconteceu e o caso foi considerado oficialmente um acidente, embora muitos acreditem que o verdadeiro responsável tenha sido Wagner. No filme, temos um flashback que mostra apenas uma discussão entre Booth e a esposa em um barco, deixando a interpretação por conta do expectador. (Leia mais sobre o caso Natalie Wood)

 
Apesar de notoriamente os protagonistas vividos por DiCaprio e Pitt serem fictícios, a amizade entre os dois personagens foi inspirada na relação entre Burt Reynolds e seu dublê Hal Needham, que assim como no filme, chegou a morar na casa do ator por 12 anos. Além de fazer as cenas de ação de Reynolds, Needham também chegou a trabalhar como escritor e diretor de cinema, tendo também fundado o Stunts Unlimited, junto com outros dois colegas dublês. A mais famosa colaboração entre os dois é o longa 'Agarre-me se Puderes (Smokey and the Bandit, 1977), escrito e dirigido por Hal Needham e protagonizado por Burt Reynolds.


Outras aparições rápidas presentes no longa são das vocalistas do famoso grupo The Mamas and The Papas, Michelle Phillips e Cass Elliot (foto acima, vividas por Rebecca Rittenhouse e
Rachel Redleaf). As duas surgem durante uma festa na mansão da Playboy na qual Sharon Tate comparece. O grupo também pode ser ouvido, já que faz parte da trilha sonora, com a música 'Straight Shooter'; Uma das vítimas fatais da tragédia presentes na casa de Tate, a socialite Abigail Folger também pode ser vista no final da história, sendo interpretada por Samantha Robinson.


No quesito filmes e séries de televisão, as referências também são inúmeras. A própria Sharon Tate e o ator Dean Martin são vistos no longa 'Arma Secreta contra Matt Helm' (The Wrecking Crew, 1969). Como citado anteriormente, a atriz de fato recebeu treinamento de Bruce Lee para suas cenas de luta (foto acima). Também podemos ver a recriação de uma das mais famosas cenas de 'Fugindo do Inferno' (The Great Escape, 1963), com Leonardo DiCaprio no lugar de Steve McQueen; As séries 'O Besouro Verde' (The Green Hornet (1966 - 1967), Batman (1966 - 1968), The FBI (1965 - 1974) e Lancer (1968 - 1970 também são citadas no longa.

O filme estreou nos cinemas brasileiros em 15 de agosto de 2019.
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sábado, 16 de junho de 2018

Volta Meu Amor (Lover Come Back, 1961)


 Sexo. Eis um dos temas centrais mais recorrentes nas comédias-românticas americanas. Com a implementação do Código Hays em 1934, elementos como nudez e insinuações sexuais e homossexuais foram basicamente banidos das produções cinematográficas. Com isso, os roteiristas e diretores tinham que ser bastante criativos e sutis para levar adiante seus projetos mais ousados, já que qualquer coisa que parecesse imoral seria barrada pela censura.

Tom Ewell e Marilyn Monroe em cena de O Pecado Mora ao Lado 

Longas como O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch, 1955), Um Amor na Tarde (Love in the Afternoon, 1957) e Gigi (1958), exploravam o assunto com insinuações e situações engraçadas, porém de maneira inocente e sem deixar de lado a moral e os bons costumes da época. Uma das comédias sexuais de maior sucesso durante a década de 50 foi Confidências à Meia-Noite (Pillow Talk, 1959), estrelada pela dupla Doris Day e Rock Hudson. Como já era tradição, Doris interpreta uma mulher virgem que se vê no dilema entre manter sua castidade até a noite de núpcias ou se entregar ao homem que ama mesmo sem uma aliança no dedo, como uma mulher moderna e independente. Às portas da Revolução Sexual dos anos 60, muitas mulheres estavam acostumadas a trabalhar e ter sua independência financeira, mas a virgindade e o casamento continuavam sendo um tabu na moralista sociedade americana da época, com esteriótipos reforçados pelo cinema.

Doris Day e Rock Hudson em foto publicitária de Confidências à Meia-Noite

No filme, Doris interpreta uma mulher que se vê atormentada com uma linha cruzada que a faz testemunhar as conversas entre um homem mulherengo (Rock Hudson) e suas inúmeras conquistas do sexo feminino. Irritado com as interferências da jovem em suas ligações e ao mesmo tempo atraído por sua beleza, ele decide fingir ser um inocente e cavalheiro texano, com o intuito de seduzir a moça, aproveitando-se do fato dela nunca ter visto seu rosto antes. Obviamente, o rapaz acaba se apaixonando por ela e os dois terminam felizes para sempre. Embora seja bastante datado para os dias de hoje, e até mesmo para a época, o filme consegue ser maravilhoso e extremamente cativante, justificando o enorme sucesso que fez no período de seu lançamento. (Veja a resenha aqui)

Se fez sucesso, vamos repetir!

Cena de Volta Meu Amor, remetendo aos famosos telefonemas com a tela dividida do longa de 1959

Na carona do enorme êxito de seu trabalho anterior, a dupla se reuniu novamente em 1961, no filme Volta Meu Amor. Além do casal principal, temos novamente a presença de Tony Randall, como um coadjuvante de luxo, que rouba a cena em ambos os longas. Mas as coincidências entre as duas produções não pararam por aí! O grande problema é que, embora este também seja um ótimo filme, com situações cômicas e todo o charme da década e de seus protagonistas, o roteiro é basicamente uma cópia de Confidências à Meia-Noite.


Doris Day vive Carol Templeton, uma publicitária trabalhadora e muito criativa que tenta subir em sua carreira por seus próprios méritos. Ela tem como principal concorrente o mulherengo Jerry Webster, que busca conquistar seus clientes com métodos bastante opostos aos seus, através de mulheres, festas e bebidas. Irritada por perder oportunidades por conta da manipulação de Webster, ela decide denuncia-lo ao conselho de ética, tendo como principal testemunha uma das modelos que ele usa para seduzir os clientes, Rebel Davis. Ao descobrir o que Carol planeja, o rapaz rapidamente inventa para Rebel que ela se tornará uma celebridade imediata ao estrelar a campanha de um produto revolucionário chamado VIP, fazendo assim com que ela desista de depor contra ele.


Tudo se complica quando, acidentalmente, o tal produto revolucionário, que na realidade não existe, é anunciado para o público, com direito a data de lançamento e outdoors promocionais por toda a cidade. Com a confusão armada e seu emprego em jogo, só resta a Jerry recorrer ao cientista Linus Tyler, implorando para que ele crie algo inovador que possa ser vendido como o já famoso VIP. Ao saber que a agência de Jerry ainda não fechou a conta com Dr Linus, Carol decide ir procura-lo para tentar passar a perna em seu rival. Como não o conhece pessoalmente, a bela loira é facilmente enganada por Jerry, que decide se passar por Linus para se vingar de toda a confusão criada por causa de sua denúncia.

Caso você não tenha assistido ainda ao filme, a partir daqui, a resenha terá spoiler, então pare de ler agora. O DVD do longa foi lançado pela Classicline e pode ser encontrado nas melhores lojas do ramo. (Compre aqui)

Um ótimo filme com um final ruim


Fingindo ser Linus, Jerry cria uma persona totalmente diferente de seu próprio estilo, como um cientista tão dedicado ao trabalho que quase não teve experiências com o sexo oposto, fazendo com que Carol logo se apaixone e se sinta a vontade para ter um relacionamento com um jovem tão respeitador e inexperiente. Sexualmente atraída por ele, a moça até cogita ir para a cama com seu novo pretendente mas como já era de se esperar, a farsa de Jerry é descoberta antes que o ato seja consumado. 


Neste ínterim, o verdadeiro Dr Linus acaba criando o bendito VIP, que nada mais é do que uma espécie de pastilhas que tem o efeito da ingestão de álcool no corpo humano. Carol e Jerry acabam provando a invenção e, após um corte de cena, acordam em uma cama de hotel e descobrem terem feito sexo na noite anterior. Mas, calma! Graças à própria Doris Day, que insistiu para que a cena fosse reescrita, antes de perder a virgindade, Carol, mesmo doidona, teve a preocupação de casar-se com Jerry para não ser desonrada. O casamento acaba sendo anulado, porém após nove meses, Jerry descobre que sua amada está prestes a dar à luz e vai correndo até o hospital para que os dois façam as pazes e terminem felizes para sempre como uma típica família americana. 


Apesar da enorme forçação de barra do final, o filme não deixa de ser delicioso e divertidíssimo, além do prazer de ver em cena atores que amamos como Doris Day, Rock Hudson e Tony Randall, como o chefe inseguro de Jerry, que acaba lançando por engano os comerciais de VIP. Embora não seja um musical, a trilha sonora do longa tem duas canções executadas por Doris Day, sendo elas a música de abertura, 'Lover Come Back', e 'Should I Surrender', cantada como se fosse o pensamento musicado de Carol. Embora seja bem semelhante ao enredo de Confidências è Meia-Noite, Volta Meu Amor foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original.
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