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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Sangue de Pantera (Cat People, 1942)


Durante a Era de Ouro de Hollywood, vigorava o chamado studio system, que consistia em um grupo de grandes estúdios, responsáveis pela realização e distribuição dos filmes neste período. Com um sistema agressivo, os chefes destes estúdios estavam sempre em busca das maiores estrelas e das produções mais rentáveis. Durante a década 30, a Universal Pictures descobriu uma pequena mina de ouro ao investir em filmes de terror e ficção científica, que se tornaram um imenso sucesso de público. Clássicos como Frankenstein (1931), Drácula (1931), A Múmia (1932) e O Homem Invisível (1933), continuaram sendo produzidos com êxito durante as décadas de 40 e 50, incluindo as sequências dos longas mais bem sucedidos.


Vendo que a rival agradava em cheio ao público com filmes do gênero, a RKO Pictures decidiu que também iria ingressar no 'ramo' do terror. Apesar de ser responsável pela realização de grandes clássicos, como Levada da Breca (1938), Cidadão Kane (1941) e A Felicidade Não Se Compra (1946), além da maioria dos musicais da dupla Fred Astaire e Ginger Rogers, o objetivo do estúdio era transformar longas de baixo orçamento e curta duração, os chamados filmes B, em grandes sucessos de bilheteria, diminuindo assim os riscos financeiros da empreitada. Para essa missão foi contratado o produtor e roteirista Val Lewton, sobrinho da atriz Alla Nazimova, que anteriormente havia trabalhado para o todo poderoso David O. Selznick, sendo inclusive um dos roteiristas não-creditados de E o Vento Levou (1939), e o responsável por escrever a marcante cena dos soldados confederados mortos e feridos em Atlanta (foto abaixo).


O primeiro longa feito sob seu comando foi Sangue de Pantera, de 1942, com a direção de seu amigo Jacques Tourneur. A estrela do filme, interpretando a jovem atormentada por seus próprios demônios, é a francesa Simone Simon, que na história é de origem sérvia. Devido ao orçamento apertado da produção, algumas medidas criativas foram tomadas, como a utilização de luzes e sombras, para suprir a carência dos efeitos especiais, o que acabou se tornando algo positivo, pois aumentou a atmosfera sombria e misteriosa da história. Além disso, um dos cenários principais do filme, o prédio onde o casal principal mora, com sua longa escadaria, foi reciclado de Soberba, filme dirigido por Orson Welles, que havia sido gravado no mesmo ano.


Cena de Sangue de Pantera

Cena de Soberba, a mesma escadaria, em ângulos diferentes

O enredo gira em torno da imigrante Irena Dubrovna, uma jovem criada em um vilarejo na Sérvia, cercado de lendas que falam sobre mulheres amaldiçoadas que sob emoções fortes, como o ciúme ou a paixão, se transformam em panteras negras com uma sede assassina. Embora tente viver uma vida normal, dedicada ao trabalho e procurando ser uma boa pessoa, Irena nutre uma grande atração por felinos, em especial pelas panteras, indo sempre ao zoológico para observar o animal e até mesmo tentar pinta-lo.


É em um de seus passeios artísticos pelo local que ela conhece Oliver Reed (não o ator, que tinha apenas 4 aninhos na época das filmagens, e sim o galã da história, interpretado por Kent Smith), que imediatamente se encanta por ela e é correspondido. Olivier se sente extremamente atraído e envolvido por Irena, e após pouco tempo de relacionamento os dois decidem se casar, para a decepção de Alice (Jane Randolph), colega de trabalho do rapaz, que sempre o amou em segredo. Apesar de ser apaixonada pelo marido, Irena acredita plenamente ser vítima da maldição de sua terra natal e teme que consumar a relação possa trazer à tona todo o mal que existe dentro dela e que ela sempre tentou conter.


Com o passar do tempo, a relação do casal, antes apaixonada e amigável, se torna fria e distante. Mesmo procurando tratamento psiquiátrico para seu problema, a jovem não consegue ser ajudada, pois ninguém leva realmente a sério as crenças de seu país. Ao notar a proximidade de Oliver e Alice, os piores temores de Irena tornam-se realidade, pois o ciúme que ela sente é tão intenso quanto a paixão que nutre por seu marido. Embora sempre tenha tentado reprimir seu lado selvagem, Irena agora já não consegue mais conter sua fúria e gradativamente começa a perseguir e aterrorizar sua rival, transformando-se finalmente em uma pantera negra, como previa a lenda. Cada vez mais descontrolada e percebendo os sentimentos de seu marido por Alice, Irena deixa de ser a jovem doce e atormentada de antes e passa agora a ser uma temida ameaça para todos a sua volta, perdendo sua humanidade e sendo guiada apenas por seus instintos assassinos de felina.


Uma das marcas registradas do filme é a sutileza, com poucas cenas realmente de ação e de terror, focando-se mais no suspense e no clima de ansiedade dos próprios personagens. Com a utilização das luzes e das sombras, as cenas de tensão são feitas de maneira simples, mas eficaz, com destaque para a sequência onde Alice se vê encurralada na piscina, apenas vendo as sombras da pantera e escutando seus ruídos, sem que nem ela e nem o público realmente possam visualizar a figura que a persegue. A RKO inicialmente não aprovou estas ausências dos elementos de terror explícitos, acreditando que a produção não seria páreo para rivalizar com os Monstros da Universal, no entanto, o longa acabou sendo um enorme sucesso de público, ficando em cartaz por incríveis 18 semanas, e transformou-se em um grande clássico do gênero.


Com a popularidade do filme, dois anos depois, em 1944, foi lançada a sequência da história, repetindo o trio de atores principais e intitulada A Maldição do Sangue da Pantera (The Curse of the Cat People). Diferente do primeiro, o enredo deste foca-se na filha do casal Oliver e Alice, uma menina de 6 anos que preocupa os pais por estar geralmente solitária e apresentar um comportamento incomum, fazendo lembrar as estranhas tendências de Irena, além de preferir a companhia de uma ex-atriz idosa e considerada louca, ao invés de ter amigos de sua idade. O longa não tenta repetir a trama do primeiro, explorando mais a imaginação e os medos infantis do que o terror e o suspense em torno da maldição temida pela protagonista do filme de 1942.


Além da sequência, em 1982 o filme ganhou um remake, que recebeu o nome de A Marca da Pantera e foi estrelado pela bela Nastassja Kinski, além de contar com a presença de Malcolm McDowell, astro do clássico Laranja Mecânica. Embora seja uma refilmagem, o longa apresenta muitas diferenças com relação ao original, incluindo uma abordagem bem mais explícita, o oposto da sutileza apresentada na versão de 1942, mostrando a transformação da personagem em pantera e contendo diversas cenas de nudez, explorando bastante a sensualidade dos protagonistas, elemento comum em muitos filmes das décadas de 80 e 90, que abusavam da mistura de mistério e erotismo.


Sangue de Pantera acaba de ser lançado em dvd pela distribuidora Obras-Primas do Cinema, em uma edição caprichada contendo extras bem interessantes sobre a produção do filme. Para comprar, clique abaixo no nome da loja de sua preferência:

Saraiva - Livraria Cultura - Livraria da Folha
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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Lançamento do digistack Serial Killers da Obras-Primas do Cinema


A distribuidora Obras-Primas do Cinema já é conhecida pela qualidade do material de seus lançamentos, se preocupando não só com a parte estética, mas também com o conteúdo, sempre rico em extras. Lançado em agosto deste ano, o digistack Serial Killers não fugiu da regra, trazendo 3 dvds com um total de 5 filmes, além de quase 3 horas de extras. Todos os longas da coleção, como o nome já diz, são sobre assassinos em série, sendo 4 deles baseados em fatos reais. Por ter uma temática violenta, nem todos irão se interessar, mas para quem gosta do gênero é simplesmente um prato cheio! Nessa postagem irei apresentar um pouco sobre o digistack, mas pretendo ir postando também resenhas individuais sobre os filmes.

Os filmes:

Disco 1:

- HENRY – RETRATO DE UM ASSASSINO (Henry: Portrait of a Serial Killer, 1986, 82 min.)


Henry é um rapaz que sofre de um distúrbio que o leva a matar pessoas de formas bárbaras. Quando o colega e sua irmã, que também sofrem de perturbações psicológicas, descobrem seus feitos, são atraídos pela violência, mas ao mesmo tempo se tornam vítimas em potencial. Baseado na vida do serial killer, Henry Lee Lucas. Com Michael Rooker, Tracy Arnold, Tom Towles.


- DERANGED – CONFISSÕES DE UM NECRÓFILO (Deranged, 1974, 83 min.)


Um homem que vive na parte rural de Wisconsin cuida de sua mãe que é muito dominadora e ensina que todas as mulheres são más, após a morte dela, ele começa a fazer as coisas mais escabrosas que se pode imaginar. Baseado na história verídica de Ed Gein (inspiração para os personagens de Norman Bates, de Psicose; e do Leatherface, de Massacre da Serra Elétrica). Roberts Blossom, Cosette Lee, Leslie Carlson.


Disco 2:

- LUA DE MEL DE ASSASSINOS (The Honeymoon Killers, 1969, 107 min.)



Baseado na história verídica de Raymond Fernandez e Martha Beck, que se encontram por correspondência. Ray é invasor, selvagem e não confiável​​; Martha é enorme, compulsiva e necessitada. Juntos, começam a atrair mulheres para roubá-las e matá-las. Shirley Stoler, Tony Lo Bianco, Mary Jane Higby.


- O ESTRANGULADOR DE RILLINGTON PLACE (10 Rillington Place, 1971, 111 min.)


A história real de John Christie (Richard Attenborough), o serial killer que chocou a Inglaterra no início dos anos 50, um dos maiores de todos os tempos, é também a história de Tim Evans (John Hurt), marido de uma das vítimas, que se torna o único suspeito da onda de assassinatos.  Richard Attenborough, John Hurt, Judy Geeson.


Disco 3:

- O MANIACO (Maniac, 1980, 88 min.)


Um assassino em série esquizofrénico persegue e mata várias jovens mulheres em Nova York, que ele vê como uma vingança dos maus tratos que sofreu ao ser criado por sua própria mãe abusadora. Com Joe Spinell, Caroline Munro, Abigail Clayton.


Extras:

Entrevistas com Tom Savini, Scott Spiegel e Caroline Munro; O inédito documentário “O Serial Killer – Henry Lee Lucas”; Cenas delatadas de Henry – Retrato de um Assassino; Making of, depoimentos e muito mais!

O digistack está disponível nas melhores lojas do ramo, como a Livraria Cultura.


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domingo, 3 de janeiro de 2016

Eu Te Matarei, Querida (My Cousin Rachel, 1952)


Baseado no romance da escritora Daphne du Maurier, também autora de clássicos como A Estalagem Maldita, Rebecca e Os Pássaros, todos adaptados para o cinema por Alfred Hitchcock, o longa Eu Te Matarei, Querida (My Cousin Rachel, 1952) foi dirigido por Henry Koster e estrelado por Olívia de Havilland e Richard Burton. 


Culpada ou inocente? Esta é a pergunta que fica na nossa cabeça durante todo o filme. Olivia de Havilland interpreta Rachel, a personagem-título na versão em inglês, uma mulher aparentemente encantadora e gentil, cuja amabilidade está sempre levantando suspeitas de ser apenas uma tática para manipular e seduzir Philip Ashley (Richard Burton). Philip fora criado por seu primo Ambrose Ashley (John Sutton), um homem dedicado, porém um pouco solitário, que vive em uma grande propriedade na Cornualha. Em certa ocasião, Ambrose decide viajar para a Itália, onde acaba conhecendo e se casando com Rachel, por quem fica completamente apaixonado. Meses depois, a situação muda completamente quando Philip começa a receber cartas de seu primo lhe pedindo ajuda para escapar da vigilância e tirania de sua esposa, a quem ele agora considera como seu tormento. 


Philip decide partir ao encontro de seu primo no intuito de ajuda-lo, porém chega tarde demais e recebe a notícia de que ele havia falecido há algumas semanas. Convencido da culpa de Rachel, ele volta para casa jurando vingança e planejando punir a mulher que assassinou seu querido tutor. 


A oportunidade se apresenta antes do esperado quando Rachel vai visita-lo em sua propriedade, com o propósito de devolver-lhe os pertences de seu primo. Philip foi declarado o único herdeiro de Ambrose e Rachel, embora tivesse direitos como viúva, havia concordado com os termos do testamento, não se opondo a nada ou reivindicando nenhum de seus bens. O ódio e a amargura de Philip logo somem quando ele conhece sua prima, pois percebe que ela seria incapaz de fazer mal a quem quer que fosse. Rapidamente, o rapaz se vê perdidamente apaixonado, quase obcecado, por Rachel, planejando não só casar-se com ela, como também passar para o nome da amada toda a sua herança, incluindo a casa onde vive e as jóias da família. 


Entretanto, apesar da paixão entre eles e da enorme amabilidade de Rachel para com todos à sua volta, começam a surgir evidências de que tudo estivera sendo cuidadosamente arquitetado por ela para que a herança de seu marido fosse parar em suas mãos. Atormentado por seu amor obsessivo e por suas dúvidas, Philip passa a ser alertado por seus amigos próximos e tenta descobrir a verdade sobre essa mulher tão fascinante quanto duvidosa. 


Curiosidades:

- Antes de ir para Olivia de Havilland, o papel de Rachel foi oferecido para Greta Garbo e Vivien Leigh;

- Richard Burton e Olivia de Havilland não se deram muito bem, embora demonstrem uma boa química na tela;

- Richard Burton concorreu ao Oscar por seu desempenho no filme, porém na categoria Melhor Ator Coadjuvante, mesmo aparecendo em quase todas as cenas do longa, pois Olivia de Havilland foi considerada a grande estrela do filme.

Assista ao trailer: 



O filme foi lançado em dezembro, pela primeira vez no Brasil, pela distribuidora Obras-Primas no cinema. O dvd pode ser encontrado nas melhores lojas do ramo, como: Saraiva, Livraria Cultura, Livraria da Folha e 2001 Vídeos. Como extras a edição, além de um card do filme, conta com: 

- Curta-metragem 
- Trailer Original
- Galeria de imagens


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