segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Bancando a Ama-Seca (Rock-a-Bye Baby, 1958)


Em seu terceiro longa após o final de sua bem-sucedida parceria com Dean Martin em 1956, Jerry Lewis estrela ao lado das belas Marilyn Maxwell e Connie Stevens a comédia que é vagamente baseada no filme Papai Por Acaso (The Miracle of Morgan's Creek, 1944), protagonizado por Betty Hutton. Embora utilizando a mesma base da história, a versão de 1958 é consideravelmente mais suave no que diz respeito ao que era moralmente adequado para a época.

Foto de Papai Por Acaso

A ousada produção de 1944 dirigida pelo prestigiado Preston Sturges, trazia Betty Hutton interpretando a festeira Trudy Kockenlocker, que nunca perdia a oportunidade de flertar com soldados. Após uma festa, a jovem acorda com a vaga impressão de ter se casado com um rapaz e logo descobre estar grávida de sêxtuplos, tendo que recorrer ao amigo Norval Jones para que a ajude assumindo a paternidade das crianças. Conhecendo o moralismo vigente na época, é de se espantar que um filme com esse enredo tenha sido aprovado sem qualquer tipo de problema. No longa protagonizado por Jerry Lewis, a trama bem é mais amena e traz poucas semelhanças com o roteiro original. De fato, a única parte em comum entre ambos é a jovem casada, mas sem marido, que se vê com várias crianças, e sem ter como provar a veracidade de seu matrimônio. Isso, é claro, era um grande problema na época, já que uma moça solteira e com filhos era repudiada pela sociedade.

A História


Carla Naples, interpretada por Marilyn Maxwell, saiu da pequena cidade de Midvale para tornar-se uma grande estrela de Hollywood. Após um período no México, ela se casa impulsivamente com um toureiro, que morre um dia depois da lua de mel do casal. Passado alguns meses, Carla descobre que está grávida do marido, porém sem a documentação necessária para comprovar o casamento, o que poderia arruinar sua imagem perante os fãs. Desesperada, ela é aconselhada por seu agente a ter a criança em um local afastado, onde pudesse ficar longe da mídia, e deixar por alguns meses o bebê sob os cuidados de algum conhecido. Durante este tempo, ela gravaria uma superprodução que lhe daria grande visibilidade na carreira, e depois disso poderia adotar a criança, ocultando do público que era seu filho biológico (mais ou menos semelhante ao que fez a atriz Loretta Young ao engravidar de Clark Gable em 1935 rs).


A pessoa escolhida para ajuda-la no plano é Clayton Poole, um jovem ingênuo e atrapalhado de sua cidade natal, que sempre fora perdidamente apaixonado por ela. Alias, a paixão do rapaz beira quase a obsessão! Seu fã número 1, ele vê e revê todos os filmes da amada, além de ter milhares de fotos e revistas dela espalhadas por toda a casa. Quando seu objeto de adoração lhe pede para cuidar de seu filho, ele sequer pensa duas vezes antes de aceitar, sentindo-se extremamente honrado. O único problema é que Carla não teve apenas uma, mas sim TRÊS crianças. 


Para auxilia-lo nesta difícil tarefa, ele conta com a ajuda de Sandy, a irmã mais nova de Carla, que sempre foi loucamente apaixonada por Clayton. A moça tenta de todas as formas chamar a atenção dele, mostrando que se tornou uma bela mulher, mas o coração do rapaz pertence apenas à Carla. Apesar das ótimas intenções de Clayton, que cuida com muito amor das crianças, dividindo-se em diversos empregos para sustentar os gastos das pequenas, além de lidar com as inúmeras tarefas de casa, a justiça da cidade insiste em afirmar que o que as crianças precisam é de uma verdadeira mãe. Com isso, o jovem se vê ameaçado de perder a guarda dos bebês e precisa da ajuda de Carla para que as coisas não saiam de controle, no entanto uma enorme confusão faz com que Clayton se torne um fugitivo da lei.


Jerry Lewis queria mostrar ao público que também podia cantar, por isso, embora não seja exatamente um musical, o filme contém algumas cenas com canções interpretadas pelos protagonistas, a maioria pelo próprio Lewis. Em uma dessas cenas, Jerry Lewis aparece cantando junto com seu filho Gary, que interpreta Clayton na infância. Veja abaixo:


O filme contém também algumas cenas icônicas da carreira do comediante, como a de seu personagem representando diversos canais diferentes dentro da televisão, e a cena onde ele vira vocalista de uma banda de rock para ajudar nas despesas da casa.



A comédia está sendo lançada em dvd no Brasil pela Obras-Primas do Cinema, contendo ainda como extra uma ótima entrevista com o próprio Jerry Lewis, onde ele fala do orgulho de dirigir seus próprios filmes, de sua intenção como ator, dentre outras coisas. Clique abaixo para comprar na loja de sua preferência:

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sábado, 28 de janeiro de 2017

15 atrizes que já interpretaram Jackie Kennedy Onassis


Com a estreia de Jackie (2016), a primeira-dama mais famosa dos EUA volta a ser notícia, mais de 20 anos após sua morte. Estrelado atriz Natalie Portman (foto acima), que foi indicada ao Oscar por seu desempenho, o longa mostra o drama vivido por Jacqueline Kennedy nos dias posteriores ao chocante assassinato de seu marido, o então presidente John Kennedy.


Nascida Jacqueline Lee Bouvier, conheceu o então senador John F. Kennedy em 1952, com quem se casou no ano seguinte. O casal teve ao todo quatro filhos, porém apenas Caroline e John Kennedy Jr chegaram à idade adulta. O casamento tinha diversos problemas, principalmente devido às infidelidades de Kennedy. Candidato à presidência em 1960, JFK chegou ao cargo mais alto do país em 1961, com sua esposa Jackie sendo muito ativa durante a campanha presidencial, inclusive falando em espanhol e encantando os imigrantes latinos, aumentando ainda mais a popularidade do jovem casal. Em 1963, John Kennedy foi assassinado na frente de milhares de pessoas durante uma aparição pública no Texas, com Jackie sentada ao lado do marido no momento em que ele foi alvejado. Mostrando incrível força e espírito de liderança, ela ganhou a admiração do povo americano por seu comportamento nos dias que se seguiram à tragédia, organizando com perfeição o funeral e as homenagens ao esposo. Em 1968, casou-se com o milionário grego Aristóteles Onassis, com quem viveu até a morte dele. O segundo matrimônio arranhou um pouco a imagem de Jackie perante os americanos, mas depois de um tempo voltou a ser querida como antes. Nos anos 70, viúva pela segunda vez, e com os filhos já crescidos, começou a trabalhar na editora Doubleday devido ao seu amor pela literatura. Durante sua vida Jackie manteve sua imagem discreta e elegante, sendo considerada um grande ícone da moda. Faleceu de câncer em 1994, aos 64 anos.

O filme de 2016, no entanto, não é a primeira vez em que Jackie é levada às telas. Confira abaixo algumas atrizes que já interpretaram a primeira-dama no cinema e na televisão:

1- Jaclyn Smith em Jacqueline Bouvier Kennedy (1981)



2- Sarah Michelle Gellar e Roma Downey em Uma Mulher Chamada Jackie (A Woman Named Jackie, 1991)


Sarah Michelle Gellar interpretou Jackie na adolescência


3- Jill Hennessy em Jackie, Ethel e Joan: As Mulheres de Camelot (Jackie, Ethel, Joan: The Women of Camelot, 2001)


4- Ginnifer Goodwin em Quem Matou Kennedy? (Killing Kennedy, 2013)


5- Katie Holmes em The Kennedys (2011)


A atriz voltará a interpretar a primeira-dama na minissérie The Kennedys After Camelot, que estreia em 2017.


6- Jeanne Tripplehorn em Grey Gardens (2009)


Veja no blog a resenha do documentário que inspirou o filme (aqui).

7- Francesca Annis em Onassis: The Richest Man in the World (1988)


8- Jacqueline Bisset em America's Prince: The John F. Kennedy Jr. Story (2003)


A atriz também já havia interpretado Jackie no filme O Magnata Grego (The Greek Tycoon, 1978), que é uma biografia não-oficial de Aristóteles Onassis, claramente inspirado na vida dos dois, porém sem utilizar seus nomes.


9- Joanne Whalley em Jackie Bouvier Kennedy Onassis (2000)


10- Stephanie Romanov em Treze Dias Que Abalaram o Mundo (Thirteen Days, 2000)


11- Kat Steffens em JFK, a História Não Contada (Parkland, 2013)


12- Caprice Benedetti em Timequest (2000)


13- Minka Kelly em O Mordomo da Casa Branca (The Butler, 2013)


14- Rhoda Griffis em As Barreiras do Amor (Love Field , 1992)


15- Blair Brown em Kennedy (1983)


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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

15 filmes que estarão no Oscar 2017

A lista de indicados saiu e agora é contagem regressiva até a premiação mais importante do cinema. Para quem ainda está um pouco perdido, aqui vai uma pequena lista com alguns dos filmes que vão concorrer nas categorias principais. Lembrando sempre que a ordem da lista é aleatória:

1- La La Land - Cantando Estações (La La Land, 2016)





Ao chegar em Los Angeles o pianista de jazz Sebastian (Ryan Gosling) conhece a atriz iniciante Mia (Emma Stone) e os dois se apaixonam perdidamente. Em busca de oportunidades para suas carreiras na competitiva cidade, os jovens tentam fazer o relacionamento amoroso dar certo enquanto perseguem fama e sucesso.


2- Manchester à Beira-Mar (Manchester by the Sea, 2016)


Lee Chandler (Casey Affleck) é forçado a retornar para sua cidade natal com o objetivo de tomar conta de seu sobrinho adolescente após o pai (Kyle Chandler) do rapaz, seu irmão, falecer precocemente. Este retorno ficará ainda mais complicado quando Lee precisar enfrentar as razões que o fizeram ir embora e deixar sua família para trás, anos antes.


3- A Chegada (Arrival, 2016)


Seres extraterrestres chegam em doze naves e pousam em doze pontos diferentes da Terra, após as autoridades americanas perceberem que eles querem fazer contato, a Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma renomada linguista que já ajudara o Estado anteriormente, e o físico Ian Donnelly (Jeremy Renner), são procurados por militares para interagirem com as criaturas, traduzir os sinais e desvendar se os alienígenas representam uma ameaça ou não. Ambos são pressionados a descobrir o propósito dos extraterrestres, assim como outras onze equipes de países onde as naves pousaram. Porém, os interesses políticos, a corrida pela supremacia, o medo do desconhecido e as diferenças culturais entrarão no caminho da ciência.


4- Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures, 2016)


1961. Em plena Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética disputam a supremacia na corrida espacial ao mesmo tempo em que a sociedade norte-americana lida com uma profunda cisão racial, entre brancos e negros. Tal situação é refletida também na NASA, onde um grupo de funcionárias negras é obrigada a trabalhar a parte. É lá que estão Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), grandes amigas que, além de provar sua competência dia após dia, precisam lidar com o preconceito arraigado para que consigam ascender na hierarquia da NASA.


5- Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight, 2016)


Black (Trevante Rhodes) trilha uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta escapar do caminho fácil da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. Encontrando amor em locais surpreendentes, ele sonha com um futuro maravilhoso.


6- Lion: Uma Jornada Para Casa (Lion, 2016)


Quando tinha apenas cinco anos, o indiano Saroo (Dev Patel) se perdeu do irmão numa estação de trem de Calcutá e enfretou grandes desafios para sobreviver sozinho até de ser adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25 anos ele decide buscar uma forma de reencontrar sua família biológica.


7- A Qualquer Custo (Hell or High Water, 2016)


Dois irmãos, um ex-presidiário e um pai divorciado com dois filhos, perderam a fazenda da família em West Texas e decidem assaltar um banco como uma chance de se reestabelecerem financeiramente. Só que no caminho, a dupla se cruza com um delegado, que tudo fará para capturá-los.


8- Um Limite Entre Nós (Fences, 2016)


Baseado na aclamada e premiada peça teatral homônima. Um homem (Denzel Washington) que sonhava em se tornar um grande jogador de beisebol durante sua infância, acaba frustrado na vida como um catador de lixo.


9- Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, 2016)


Durante a Segunda Guerra Mundial, o médico do exército Desmond T. Doss (Abdrew Garfield) se recusa a pegar em uma arma e matar pessoas, porém, durante a Batalha de Okinawa ele trabalha na ala médica e salva mais de 75 homens, sendo condecorado. O que faz de Doss o primeiro Opositor Consciente da história norte-americana a receber a Medalha de Honra do Congresso.


10- Elle (2016)


Michèle (Isabelle Huppert) é a executiva-chefe de uma empresa de videogames, a qual administra do mesmo jeito que administra sua vida amorosa e sentimental: com mão de ferro, organizando tudo de maneira precisa e ordenada. Sua rotina é quebrada quando ela é atacada por um desconhecido, dentro de sua própria casa. No entanto, ela decide não deixar que isso a abale. O problema é que o agressor misterioso ainda não desistiu dela.


11- Loving (2016)


Richard (Joel Edgerton) e Mildred Loving (Ruth Negga), um casal interracial, são presos em junho de 1958 por terem se casado. Jogados na prisão e exilados do estado onde viviam, eles lutam pelo matrimônio e pelo direito de voltar para casa como uma família.


12- Jackie (2016)


Jacqueline Kennedy (Natalie Portman), inesperadamente viúva, lida com o trauma nos quatro dias posteriores ao assassinato de seu marido, o então presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy.


13- Florence - Quem é Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins, 2016)


Florence Foster Jenkins (Meryl Streep) é uma rica herdeira que persegue obsessivamente uma carreira de cantora de ópera. Aos seus ouvidos, sua voz é linda, mas para todos os outros é absurdamente horrível. O ator St. Clair Bayfield (Hugh Grant), seu companheiro, tenta protegê-la de todas as formas da dura verdade, mas um concerto público coloca toda a farsa em risco.


14- Capitão Fantástico (Captain Fantastic, 2016)


Ben (Viggo Mortensen) tem seis filhos com quem vive longe da civilização, no meio da floresta, numa rígida rotina de aventuras. As crianças lutam, escalam, leem obras clássicas, debatem, caçam e praticam duros exercícios, tendo a autossuficiência sempre como palavra de ordem. Certo dia um triste acontecimento leva a família a deixar o isolamento e o reencontro com parentes distantes traz à tona velhos conflitos.


15- Animais Noturnos (Nocturnal Animals, 2016)


Susan (Amy Adams) é uma negociante de arte que se sente cada vez mais isolada do parceiro (Armie Hammer). Um dia, ela recebe um manuscrito de autoria de Edward (Jake Gylenhaal), seu primeiro marido. Por sua vez, o trágico livro acompanha o personagem Tony Hastings, um homem que leva sua esposa (Isla Fisher) e filha (Ellie Bamber) para tirar férias, mas o passeio toma um rumo violento ao cruzar o caminho de uma gangue. Durante a tensa leitura, Susan pensa sobre as razões de ter recebido o texto, descobre verdades dolorosas sobre si mesma e relembra traumas de seu relacionamento fracassado.


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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Sangue de Pantera (Cat People, 1942)


Durante a Era de Ouro de Hollywood, vigorava o chamado studio system, que consistia em um grupo de grandes estúdios, responsáveis pela realização e distribuição dos filmes neste período. Com um sistema agressivo, os chefes destes estúdios estavam sempre em busca das maiores estrelas e das produções mais rentáveis. Durante a década 30, a Universal Pictures descobriu uma pequena mina de ouro ao investir em filmes de terror e ficção científica, que se tornaram um imenso sucesso de público. Clássicos como Frankenstein (1931), Drácula (1931), A Múmia (1932) e O Homem Invisível (1933), continuaram sendo produzidos com êxito durante as décadas de 40 e 50, incluindo as sequências dos longas mais bem sucedidos.


Vendo que a rival agradava em cheio ao público com filmes do gênero, a RKO Pictures decidiu que também iria ingressar no 'ramo' do terror. Apesar de ser responsável pela realização de grandes clássicos, como Levada da Breca (1938), Cidadão Kane (1941) e A Felicidade Não Se Compra (1946), além da maioria dos musicais da dupla Fred Astaire e Ginger Rogers, o objetivo do estúdio era transformar longas de baixo orçamento e curta duração, os chamados filmes B, em grandes sucessos de bilheteria, diminuindo assim os riscos financeiros da empreitada. Para essa missão foi contratado o produtor e roteirista Val Lewton, sobrinho da atriz Alla Nazimova, que anteriormente havia trabalhado para o todo poderoso David O. Selznick, sendo inclusive um dos roteiristas não-creditados de E o Vento Levou (1939), e o responsável por escrever a marcante cena dos soldados confederados mortos e feridos em Atlanta (foto abaixo).


O primeiro longa feito sob seu comando foi Sangue de Pantera, de 1942, com a direção de seu amigo Jacques Tourneur. A estrela do filme, interpretando a jovem atormentada por seus próprios demônios, é a francesa Simone Simon, que na história é de origem sérvia. Devido ao orçamento apertado da produção, algumas medidas criativas foram tomadas, como a utilização de luzes e sombras, para suprir a carência dos efeitos especiais, o que acabou se tornando algo positivo, pois aumentou a atmosfera sombria e misteriosa da história. Além disso, um dos cenários principais do filme, o prédio onde o casal principal mora, com sua longa escadaria, foi reciclado de Soberba, filme dirigido por Orson Welles, que havia sido gravado no mesmo ano.


Cena de Sangue de Pantera

Cena de Soberba, a mesma escadaria, em ângulos diferentes

O enredo gira em torno da imigrante Irena Dubrovna, uma jovem criada em um vilarejo na Sérvia, cercado de lendas que falam sobre mulheres amaldiçoadas que sob emoções fortes, como o ciúme ou a paixão, se transformam em panteras negras com uma sede assassina. Embora tente viver uma vida normal, dedicada ao trabalho e procurando ser uma boa pessoa, Irena nutre uma grande atração por felinos, em especial pelas panteras, indo sempre ao zoológico para observar o animal e até mesmo tentar pinta-lo.


É em um de seus passeios artísticos pelo local que ela conhece Oliver Reed (não o ator, que tinha apenas 4 aninhos na época das filmagens, e sim o galã da história, interpretado por Kent Smith), que imediatamente se encanta por ela e é correspondido. Olivier se sente extremamente atraído e envolvido por Irena, e após pouco tempo de relacionamento os dois decidem se casar, para a decepção de Alice (Jane Randolph), colega de trabalho do rapaz, que sempre o amou em segredo. Apesar de ser apaixonada pelo marido, Irena acredita plenamente ser vítima da maldição de sua terra natal e teme que consumar a relação possa trazer à tona todo o mal que existe dentro dela e que ela sempre tentou conter.


Com o passar do tempo, a relação do casal, antes apaixonada e amigável, se torna fria e distante. Mesmo procurando tratamento psiquiátrico para seu problema, a jovem não consegue ser ajudada, pois ninguém leva realmente a sério as crenças de seu país. Ao notar a proximidade de Oliver e Alice, os piores temores de Irena tornam-se realidade, pois o ciúme que ela sente é tão intenso quanto a paixão que nutre por seu marido. Embora sempre tenha tentado reprimir seu lado selvagem, Irena agora já não consegue mais conter sua fúria e gradativamente começa a perseguir e aterrorizar sua rival, transformando-se finalmente em uma pantera negra, como previa a lenda. Cada vez mais descontrolada e percebendo os sentimentos de seu marido por Alice, Irena deixa de ser a jovem doce e atormentada de antes e passa agora a ser uma temida ameaça para todos a sua volta, perdendo sua humanidade e sendo guiada apenas por seus instintos assassinos de felina.


Uma das marcas registradas do filme é a sutileza, com poucas cenas realmente de ação e de terror, focando-se mais no suspense e no clima de ansiedade dos próprios personagens. Com a utilização das luzes e das sombras, as cenas de tensão são feitas de maneira simples, mas eficaz, com destaque para a sequência onde Alice se vê encurralada na piscina, apenas vendo as sombras da pantera e escutando seus ruídos, sem que nem ela e nem o público realmente possam visualizar a figura que a persegue. A RKO inicialmente não aprovou estas ausências dos elementos de terror explícitos, acreditando que a produção não seria páreo para rivalizar com os Monstros da Universal, no entanto, o longa acabou sendo um enorme sucesso de público, ficando em cartaz por incríveis 18 semanas, e transformou-se em um grande clássico do gênero.


Com a popularidade do filme, dois anos depois, em 1944, foi lançada a sequência da história, repetindo o trio de atores principais e intitulada A Maldição do Sangue da Pantera (The Curse of the Cat People). Diferente do primeiro, o enredo deste foca-se na filha do casal Oliver e Alice, uma menina de 6 anos que preocupa os pais por estar geralmente solitária e apresentar um comportamento incomum, fazendo lembrar as estranhas tendências de Irena, além de preferir a companhia de uma ex-atriz idosa e considerada louca, ao invés de ter amigos de sua idade. O longa não tenta repetir a trama do primeiro, explorando mais a imaginação e os medos infantis do que o terror e o suspense em torno da maldição temida pela protagonista do filme de 1942.


Além da sequência, em 1982 o filme ganhou um remake, que recebeu o nome de A Marca da Pantera e foi estrelado pela bela Nastassja Kinski, além de contar com a presença de Malcolm McDowell, astro do clássico Laranja Mecânica. Embora seja uma refilmagem, o longa apresenta muitas diferenças com relação ao original, incluindo uma abordagem bem mais explícita, o oposto da sutileza apresentada na versão de 1942, mostrando a transformação da personagem em pantera e contendo diversas cenas de nudez, explorando bastante a sensualidade dos protagonistas, elemento comum em muitos filmes das décadas de 80 e 90, que abusavam da mistura de mistério e erotismo.


Sangue de Pantera acaba de ser lançado em dvd pela distribuidora Obras-Primas do Cinema, em uma edição caprichada contendo extras bem interessantes sobre a produção do filme. Para comprar, clique abaixo no nome da loja de sua preferência:

Saraiva - Livraria Cultura - Livraria da Folha
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