domingo, 4 de julho de 2021

Conhecendo a Coleção Especial Olivia de Havilland

 


Olivia de Havilland ficou eternizada por seu desempenho como Melanie Hamilton no clássico 'E o Vento Levou' (Gone With the Wind, 1939) e por heroínas românticas ao lado do galã Errol Flynn, com quem atuou em 8 filmes. Sua beleza suave e seu jeito doce favoreciam o estereótipo de mocinha inocente e recatada, que a Warner insistia em lhe impor. Mas de ingênua a atriz não tinha nada! Com um pai advogado, ela sabia muito bem seus direitos e chegou a processar o estúdio por suas condutas abusivas, como impedir o encerramento de seu contrato e a imposição de papéis que ela não queria interpretar. A justiça decidiu a seu favor e foi criada assim a 'Lei De Havilland, que finalmente concedia direitos aos atores, que antes eram escravos dos grandes estúdios.  Duas vezes vencedora do Oscar, por seu desempenho em 'Só Resta Uma Lágrima' (To Each His Own, 1946) e 'Tarde Demais' (The Heiress, 1949),  tornou-se um dos nomes mais respeitados de sua época, com uma extensa filmografia, mostrando que sabia convencer como a mais bondosa das mulheres ou como cínicas vilãs.


Em uma coleção especial contendo 6 filmes em 3 discos, a Obras-Primas do Cinema trouxe um box que comprova toda a versatilidade da atriz, com longas que vão da década de 1940 até a de 1960, em diferentes gêneros e estilos. Confira abaixo um pouco mais:


Disco 01:

A Dama Enjaulada (Lady in a Cage, 1964)


Aqui temos um filme no subgênero terror psicológico, onde a personagem Cornelia Hilyard se vê em uma situação inusitada. Uma viúva rica morando em uma mansão de 3 andares, ela precisa do auxílio de um elevador para transitar pela casa, por conta de um problema na perna. Em mais um dia comum, sozinha na residência, ela acaba presa em seu meio de transporte pessoal após uma pane elétrica. Para seu desespero, seus pedidos por socorro são ouvidos por um grupo de pessoas que, ao invés de ajuda-la, percebem que estão diante de bens valiosos, preferindo rouba-la e aterroriza-la, fazendo com que o elevador acabe se tornando uma verdadeira jaula claustrofóbica diante de sua impotência. Filme de estreia do ator James Caan, conta também com a participação de Ann Sothern no elenco. A direção é de Walter Grauman.

A Noite é Minha Inimiga (Libel, 1959)


No longa, a atriz interpreta Lady Margaret Loddon, dividindo a tela com Dirk Bogarde, como Sir Mark Loddon. O casal de aristocratas tem sua vida transformada quando um ex-colega de exército acusa Loddon de ser um impostor, chamado Frank Welney, que roubou a identidade do verdadeiro Lord durante a Guerra e passou a viver em seu lugar, aproveitando-se de uma conveniente semelhança física entre ambos. Ultrajado com a denúncia, ele decide ir à justiça para provar a verdade mas, devido a ferimentos na cabeça durante a guerra, ele tem episódios de amnésia e gagueja com frequência perante o júri, complicando ainda mais sua situação. Com a direção de Anthony Asquith, o elenco conta também com Paul Massie.

Disco 02:

Eu Te Matarei Querida (My Cousin Rachel, 1952)


O órfão Philip Ashley fora criado por seu primo mais velho Ambrose que, após muitos anos cuidando de sua propriedade na Inglaterra, decide se aventurar em uma viagem pela Itália. Através de cartas, Philip fica sabendo que seu guardião se apaixonou pela encantadora Rachel e que os dois se casaram em pouco tempo. Mas o teor cheio de romantismo de suas mensagens, logo da lugar a pedidos de socorro, que alegam que sua nova esposa está tentando mata-lo. Com a morte de Ambrose, Philip tem a certeza da culpa de Rachel e planeja vingar-se. Ao conhece-la, no entanto, assim como seu primo, ele se vê arrebatado pelo fascínio exercido pela jovem viúva, não sabendo mais se ela corresponde aos seus sentimentos ou se planeja apenas manipula-lo para ficar com sua fortuna. Baseado na obra homônima de Daphne du Maurier, mesma autora de 'Rebecca', foi dirigido por Henry Koster e tem Richard Burton como protagonista masculino. Confira a resenha aqui no blog

Sua Alteza Quer Casar (Princess O'Rourke, 1943)


Sabe o conflito citado na introdução deste post? Eis aqui o estopim para o processo movido por Olivia contra a Warner. Além de mais uma vez ser colocada em um papel 'água com açúcar', que não lhe permitia mostrar seu potencial de representação, a produção sofreu diversos atrasos já que seu par romântico, o ator Robert Cummings filmava simultaneamente o longa 'Fruta Cobiçada' (Between Us Girls, 1942) e precisava se ausentar com frequência das gravações, o que aumentou ainda mais a insatisfação da estrela, sendo o ponto decisivo para que ela tomasse a decisão de lutar por seus direitos. Apesar de toda a tensão, o filme tem um enredo leve, sobre um piloto de avião que se apaixona por uma bela passageira, acreditando se tratar de uma jovem empregada, ignorando o fato de sua amada ser na realidade uma princesa. Vencedor do Oscar de melhor roteiro original, conta com a direção de Norman Krasna e a participação de Charles Coburn.

Disco 3:

Espelho d'Alma (The Dark Mirror, 1946)


Muito antes de Ruth e Raquel ou Paulina e Paola, Hollywood já explorava este clichê que amamos, da gêmea boa e da gêmea má. Aqui, um assassinato é cometido e a vítima tinha relação com uma das irmãs. Como ambas possuem álibi e se protegem mutuamente, a polícia fica sem provas de qual das duas realmente cometeu o crime. Um psicólogo é convocado para traçar o perfil de cada uma e acaba se formando um triângulo amoroso, que pode abalar a relação entre as gêmeas. Com Lew Ayres e Thomas Mitchell, a direção é de Robert Siodmak.

Uma Loira com Açúcar (The Strawberry Blonde, 1941)


Dividindo a tela com James Cagney e Rita Hayworth, Olivia interpreta Amy Lind, a melhor amiga de Virginia, a moça mais cobiçada da cidade. O dentista Biff Grimes é um dos pretendentes da exuberante jovem, que tem seu coração partido quando sua musa escolhe um de seus colegas para casar, por ele ter mais a lhe oferecer financeiramente. Desiludido, ele se conforma em casar com Amy e os dois passam a desenvolver uma relação de amor e companheirismo. Direção de Raoul Walsh.

Além dos filmes, a coleção conta com 6 cards e extras, contendo uma entrevista com Olivia de Havilland (44 minutos) e uma análise de "Espelhos d'Alma" (34 minutos). A edição está disponível nas melhores lojas do ramo, incluindo a Colecione Clássicos

2 comentários:

  1. Adorei! Realmente está "Fera" da era de ouro do cinema deu uma lição de determinação e persistência. Não é à toa, que ganhou 2 Oscars e até hoje é lembrada. Viveu e morreu sendo uma Mulher e atriz Vitoriosa ! E a Obras Primas do Cinema está de parabéns por fazer esta homenagem à Olivia.

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    1. Também amei essa homenagem! Geralmente vemos coleções só das mesmas atrizes ou com filmes mais batidos, e foi um grande acerto homenagear a Olivia, que além de ser uma grande artista, foi super importante para a valorização dos atores em Hollywood.

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