terça-feira, 24 de agosto de 2021

Cinema Pre-Code - Lançamento da Obras-Primas do Cinema

 


Mas, afinal, o que é 'Pre-Code'?


Em 1927, era inaugurada a era falada de Hollywood, com a estreia de 'O Cantor de Jazz' (The Jazz Singer). Com a chegada do som, aumentando ainda mais o fascínio e a atração que o cinema exercia no público, algumas autoridades católicas, como o editor Martin Quigley e o padre Daniel A. Lord, começaram a se preocupar com o decoro dos jovens norte-americanos. Segundo eles, a juventude era facilmente corrompida com os despudores mostrados nas telas e, sendo assim, decidiram estipular uma espécie de manual da moral e dos bons costumes, que foi entregue ao político Will H. Hays, que presidia a Associação de Produtores e Distribuidores de Filmes da América. Embora oficialmente o Código de Produção de Filmes tenha sido implantado em 1929, seu início não foi muito promissor. Com baixa vigilância, os filmes continuavam sendo produzidos normalmente, explorando diversos temas polêmicos, como aborto, homossexualidade, uso de drogas, prostituição, infidelidade, e até mesmo uma certa glamourização dos gângsters. Vendo que suas normas de nada adiantaram, houve uma forte campanha para uma efetivação da moralidade nas telas de cinema e, a partir de 1934, o Código Hays, como ficou conhecido, começou a ser levado a sério, obrigando todas as produções a passar por uma forte censura para conseguirem a aprovação para serem lançadas.

Homossexualidade, nudez, sexo e gângsters como protagonistas

Em resumo, Pre-Code é todo o período compreendido entre 1929 e 1934 no cinema norte-americano. Com a maior rigidez da vigilância, houve a proibição de uma série de elementos que, na visão de seus censores, seriam prejudiciais à sociedade estadunidense e deveriam ser abolidos das telas de cinema. Foram proibidas cenas contendo nudez, insinuações sexuais, homossexualidade, uso de drogas, miscigenação (relacionamentos entre brancos e outras raças), higiene pessoal, doenças venéreas, parto, ridicularização do clero e simpatia por criminosos, dentre outros. Até mesmo beijos demorados e casais, ainda que casados, deitados na mesma cama eram mal vistos pelo código. 

Mas para nossa alegria, a produção da era Pre-Code foi bem profícua e nos deu alguns dos grandes clássicos, tais como 'Inimigo Público' (The Public Enemy, 1931), 'Scarface - A Vergonha de uma Nação' (Scarface, 1932), 'A Vênus Loira' (Blonde Venus, 1932) 'Serpentes de Luxo' (Baby Face, 1933) e 'Sócios no Amor' (Design for Living, 1933). Agora, a Obras-Primas do Cinema traz uma coleção com quatro dos maiores clássicos desta época, estrelado por alguns dos mais proeminetes nomes da história do cinema. Confira abaixo o que vem na coleção:

Disco 01:

O Cântico dos Cânticos (The Song of Songs, 1933)


Estrelado por Marlene Dietrich, conta a história da jovem Lily, que se muda para Berlim após a perda de seu pai. Morando com a tia, ela logo conhece e se apaixona por um escultor, que insiste para que ela seja sua modelo. Seus atributos físicos acabam chamando a atenção de um barão, que além de cobiçar a estátua faz de tudo para ter para si a própria Lily. Uma ousada estátua da atriz, foi duplicada e exibida em saguões dos cinemas para promover o filme, fato que causou protestos de mulheres e religiosos.

Santa Não Sou (I'm No Angel, 1933)


Mae West é creditada por muitos como a responsável por lançar Cary Grant ao estrelato, ao protagonizarem 'Uma Loira Para Três' (She Done Him Wrong, 1933). Os dois repetiram a parceria em Santa Não Sou (I'm No Angel) ainda no mesmo ano. O que o que ninguém pode negar, no entanto, é a ousadia e o humor lascivo da atriz, que escreveu e protagonizou o longa. Uma das personalidades mais polêmicas e transgressoras de sua época, Mae West era o terror da censura e dos puritanos, com textos cheios de piadas picantes e frases que se tornariam icônicas. Aqui, ela interpreta a artista de circo Tira, que enquanto desafia leões no picadeiro, se diverte flertando com milionários e dando pequenos golpes, enquanto não arruma um marido rico.

Disco 02:

Levada à Força (The Story of Temple Drake, 1933)


Miriam Hopkins era acostumada a polêmicas tanto nas telas quanto fora delas. Principal rival de Bette Davis, a atriz interpretou ladras, prostitutas e até teve relacionamentos com dois homens ao mesmo tempo, mas ao viver Temple Drake ela teve em mãos um dos grandes desafios de sua carreira. Baseado em uma das obras mais controversas do escritor William Faulkner, intitulada 'Santuário', o longa aborda temas como sequestro, estupro e assassinato, ao contar a saga da jovem que é capturada por um contrabandista de bebidas e mantida em cárcere, como sua escrava sexual.

Serpente de Luxo (Baby Face, 1933)


Protagonizado por Barbara Stanwyck e com a pequena participação de um jovem John Wayne, o filme é um dos grandes representantes dos clássicos desta era, com o sexo como principal tema. A jovem Lily Powers é explorada desde a adolescência e passa seus dias sem muitas perspectivas. Após receber o conselho de um amigo, ela percebe que precisa usar seu poder de atração contra os homens e decide explora-los ela mesma ao invés de continuar sendo usada. Assim, ela vai para a cidade grande e começa a trabalhar num banco, usando o corpo como sua principal qualificação rumo ao andar mais alto do prédio, onde se encontra o presidente da empresa.


A edição ainda contém alguns extras, além de 4 cards e luva:

Pre-Code vs. Código Hays (5 minutos)
Discutindo Levada à Força (15 minutos)
"Levada à Força" e Miriam Hopkins (20 minutos)
Making of de Levada à Força (18 minutos)

Você pode encontrar nas melhores lojas do ramo, incluindo a Amazon e a Colecione Clássicos



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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

E a Mulher Criou Hollywood (Et la Femme Créa Hollywood, 2016)


É comum associarmos a presença feminina no cinema apenas às atrizes, afinal a esmagadora maioria de diretores, produtores, roteiristas e todas as demais funções de prestígio que envolvem esta indústria é constituída por homens. Quando Kathryn Bigelow venceu o Oscar de Melhor Direção em 2010 tornou-se a primeira mulher a receber a estatueta na categoria, em uma premiação que existe desde 1927, então na 82° edição.

Kathryn Bigelow com seu Oscar


Curiosamente, ao contrário do que podemos pensar, as mulheres não começaram a se interessar por tarefas atrás das câmeras apenas nas últimas décadas. O próprio cinema ficcional, com roteiro e encenação, fora inventado por uma figura do sexo feminino, a francesa Alice Guy Blaché. Na era do cinema mudo, especialmente durante as primeiras duas décadas do século XX, as mulheres dominavam a sétima arte, desempenhando as mais diversas funções, desde as mais simples até as mais complexas. Então por que não aprendemos sobre elas e nem conhecemos seus nomes? Por que não houve uma queda tão brusca do número de mulheres nas produções cinematográficas? 


Simples! No começo, o cinema era experimental, considerado sem futuro, um mundo onde apenas mulheres e judeus se arriscavam, já que não tinham facilidade para conseguirem outros empregos. Com poucos recursos e em uma área pouco valorizada, o trabalho feminino era árduo mas extremamente prolífico. Aos poucos, percebeu-se o potencial do cinema como uma verdadeira fábrica de dinheiro que atraía cada vez mais o público. E ao tornar-se lucrativo, tornou-se também o alvo dos homens. Com a fundação dos grandes estúdios, Hollywood tornou-se uma indústria de fato, dominada principalmente por judeus, como Adolph Zukor (da Paramount), Louis B. Mayer (da MGM), Carl Laemmle (da Universal), Jack e Samuel Warner (da Warner Bros.), William Fox (da 20th Century-Fox) e Harry Cohn (da Columbia Pictures). Com cada vez menos oportunidades, a participação feminina foi se tornando cada vez mais escassa.


Dirigido e produzido por Julia Kuperberg e Clara Kuperberg, o documentário 'E a Mulher Criou Hollywood' ((Et la Femme Créa Hollywood, 2016), fazendo um jogo de palavras com o filme 'E Deus Criou a Mulher' (Et Dieu... créa la femme, 1956), traz à tona quase que uma denúncia à forma como mulheres como Alice Guy Blaché, Dorothy Arzner ou Lois Weber são não apenas esquecidas como completamente ignorada por teóricos da sétima arte, tirando finalmente das sombras algumas das figuras mais importantes do cinema. 


Algumas das mulheres citadas no documentário:


Alice Guy Blaché (Saint-Mandé, França, 1 de julho de 1873 - Wayne, EUA, 24 de março de 1968)


Se os irmãos Lumière são os pais da sétima arte, é a Alice Guy Blaché a quem devemos a magia do cinema, como o conhecemos hoje. Auguste e Louis Lumière inventaram o cinematógrafo, reproduzindo pequenos vídeos de cenas cotidianas da época e promovendo a venda do aparelho de maneira mais científica. Alice, presente em uma das exibições dos dois, trabalhava como secretária de Léon Gaumont, que deu seu aval para que a jovem fizesse suas próprias produções em seu tempo livre. Diferente de seus contemporâneos, ela acreditava que a invenção deveria ser usada também para contar histórias e, em 1896, filmou seu primeiro curta 'A Fada do Repolho' (La Fée aux choux), que viria a ser o primeiro filme ficcional da história, tornando-a automaticamente, a primeira cineasta e roteirista do cinema, antes mesmo de Georges Méliès. Durante 20 anos de carreira, chegou a dirigir mais de mil filmes. 

Lois Weber (Allegheny, EUA, 13 de junho de 1879 - Hollywood, EUA, 13 de novembro de 1939)


Roteirista, produtora, diretora e atriz, Lois Weber foi uma das mais importantes cineastas da era do cinema mudo, chegando a ser a mais bem paga, dentre homens e mulheres. Foi uma das pioneiras do uso do 'split screen', divisão da tela mostrando duas cenas ao mesmo tempo. Exemplos bem famosos de clássicos (de outros diretores) que usaram a técnica são os filmes 'Indiscreta' (Indiscreet, 1958) e 'Confidências à Meia-Noite' (Pillow Talk, 1959). Weber também destacou-se ao abordar temas ousados, como aborto e prostituição, além da primeira cena de nu frontal feminino do cinema em 'Hypocrites' (1915). *Nos links há fotos exemplificando a técnica


Anita Loos (Sisson, EUA, 26 de abril de 1889 – Nova Iorque, EUA, 18 de agosto de 1981)


Anita Loos foi oficialmente a primeira roteirista mulher em Hollywood, ao ser contratada por DW Griffith em 1912. Sua parceria com o astro Douglas Fairbanks, para quem escreveu diversos filmes, aumentou consideravelmente sua popularidade na época. Mas foi com as histórias em quadrinho com as aventuras de Lorelei Lee e Dorothy Shaw em ' Os Homens Preferem as Loiras' (Gentlemen Prefer Blondes), lançado em 1925, que atingiu o auge de sua carreira e sua independência financeira. O enredo foi adaptado para as telas em 1928, com Ruth Taylor e Alice White, e em 1953, com Marilyn Monroe e Jane Russell, em sua versão mais famosa. Alguns de seus trabalhos mais importantes no cinema incluem 'Intolerância' (Intolerance, 1916), 'A Mulher Parisiense dos Cabelos de Fogo (Red-Headed Woman, 1932) e 'As Mulheres' (The Women, 1939). Loos também adaptou a icônica obra de Colette, 'Gigi' (1945), para os palcos em 1951, tendo a iniciante Audrey Hepburn como estrela na Broadway.

Mabel Normand (New Brighton, EUA, 9 de novembro de 1892 - Monróvia, EUA - 23 de fevereiro de 1930)


Uma das grandes estrelas de sua época, destacou-se como comediante, atuando ao lado de Roscoe "Fatty" Arbuckle e Charlie Chaplin em diversos filmes. Embora no longa biográfico de Chaplin, de 1992, onde é interpretada por Marisa Tomei, seja retratada como uma atriz egocêntrica e sem talento, é um consenso sua importância no início da carreira do ator e cineasta como uma espécie de mentora, além de interceder a seu favor junto ao diretor e produtor Mack Sennett. Além de atuar, era diretora, roteirista e produtora, chegando a dirigir muitos de seus próprios filmes e ter seu próprio estúdio, embora este sem muito sucesso. 

Dorothy Arzner (São Francisco, EUA, 3 de janeiro de 1897 - La Quinta, EUA - 1 de outubro de 1979)


Com a carreira iniciada na era do cinema mudo, Dorothy Arzner foi a única diretora do sexo feminino durante a década de 30. Contratada pela Paramount, trabalhou como estenógrafa e roteirista, logo sendo promovida a editora, dominando a função em apenas seis meses e arrancando elogios logo em sua estreia, no clássico com Rodolfo Valentino 'Sangue e Areia' (Blood and Sand, 1922). Após uma série de filmes para o estúdio, ela ameaçou ir para a rival Columbia Pictures caso não pudesse passar a também dirigir seus próximos trabalhos. A Paramount acabou concordando e em 1927 ela inaugurou a função em grande estilo, no sucesso de público 'A Mulher e a Moda' (Fashions for Women). Com a chegada do som, dirigiu a estrela Clara Bow em seu primeiro longa falado 'Garotas na Farra' (The Wild Party, 1929), inventando, com uma pequena gambiarra, uma forma da atriz circular livremente pelo estúdio, pendurando um microfone em uma linha de pesca. Apesar de ser creditada pela invenção, posteriormente aperfeiçoada, como não patenteou sua criação, o aparato acabou sendo registrado por um dos engenheiros da Fox. Primeira mulher a dirigir um filme falado e a integrar o sindicato 'Directors Guild of America', Arzner foi a responsável por lançar a carreira de grandes atrizes como Katharine Hepburn, Sylvia Sidney, Rosalind Russell e Lucille Ball. Alguns de seus principais trabalhos são 'Assim Amam as Mulheres' (Christopher Strong, 1933), 'Felicidade de Mentira' (The Bride Wore Red, 1937) e 'A Vida é uma Dança' (Dance, Girl, Dance, 1940.

Frances Marion (São Francisco, EUA, 18 de novembro de 1888 - 12 de maio de 1973, Los Angeles, EUA)


Frances Marion começou a carreira como assistente de Lois Weber, logo se estabelecendo como uma das roteiristas mais aclamadas de seu tempo, sendo a primeira vencedora de duas estatuetas na categoria, pelos filmes 'Lírio do Lodo' (Min and Bill, 1930) e 'O Campeão' (The Champ, 1931). Amiga pessoal da maior estrela do cinema mudo, Mary Pickford, chegou a ser contratada como escritora exclusiva de seus filmes. As duas trabalharam juntas em alguns dos maiores sucessos da atriz como 'A Princesinha' (The Little Princess, 1917), 'The Poor Little Rich Girl' (1917) e 'Pollyanna' (1920), dentre outros. Durante a Primeira Guerra Mundial, chegou a trabalhar como jornalista, documentando os esforços de guerra femininos na linha de frente das batalhas e sendo a primeira mulher a cruzar o Reno após o armistício. Com mais de 180 créditos como roteirista, alguns de seus principais trabalhos incluem 'A Letra Escarlate (The Scarlet Letter, 1926), 'Anna Christie' (1930) e 'Jantar às Oito' (Dinner at Eight, 1933).

Mary Pickford (Toronto, Canadá, 8 de abril de 1892 - Santa Mônica, EUA, 29 de maio de 1979)


Para além de sua imagem frágil e até infantilizada, Mary Pickford foi uma das mulheres mais poderosas das décadas de 1910 e 1920, além de ser a maior estrela da era do cinema mudo. Cofundadora do estúdio United Artists Corporation, juntamente com D. W. Griffith , Charlie Chaplin e Douglas Fairbanks, foi também um dos 36 fundadores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Vencedora do Oscar por sua atuação em 'Coquete' (Coquette, 1929), a atriz, que atuou em mais de 50 filmes ao longo de sua carreira, fez questão de tornar-se sua própria produtora, supervisionando todos os aspectos que envolviam seus trabalhos. Além de feminista, Pickford fazia questão de usar sua fama para apoiar uma série de causas, fazendo discursos para arrecadar fundos para os esforços durante a Primeira Guerra, com a venda dos 'Liberty Bonds', títulos vendidos nos EUA, chegando a falar para 50 mil pessoas. Também fundou o Hollywood Studio Club, um dormitório para mulheres que trabalhavam no cinema e o Motion Picture & Television Fund, um fundo de caridade para ajudar atores que estivessem passando por necessidades, com auxílio financeiro e moradias provisórias.

Ida Lupino (Londres, Inglaterra, 4 de fevereiro de 1918 - Los Angeles, EUA, 3 de agosto de 1995)


Ida Lupino começou sua carreira como atriz, ainda na Inglaterra, indo para Hollywood no final da década de 30. Em 1940, destacou-se como femme fatale no noir 'Dentro da Noite' (They Drive by Night), que lhe rendeu um contrato com a Warner, onde frequentemente ficava com papéis que haviam sido recusados por Bette Davis. Durante seu tempo no estúdio, a atriz estava sempre em atrito com Jack Warner. Exigindo trabalhos de qualidade e recusando muitos filmes que lhe eram oferecidos, ela foi punida diversas vezes com suspenções. Durante o período de ócio, passou a se interessar pelas funções por detrás das câmeras. Junto com o marido Collier Young, fundou a produtora independente The Filmakers Inc., em 1948. Seu primeiro trabalho na direção foi em 'Mãe Solteira' (Not Wanted, 1949), substituindo Elmer Clifton, que havia sofrido um ataque cardíaco. Em respeito ao colega, optou por não ser creditada. Além de continuar trabalhando como atriz para conseguir dinheiro para seus filmes, ela tornou-se diretora, produtora e roteirista, abordando temas polêmicos como estupro e gravidez fora do casamento. Algumas de suas produções mais aclamadas como cineasta são 'O Mundo Era o Culpado' (Outrage, 1950), 'O Bígamo' (The Bigamist, 1953) e 'O Mundo Odeia-me' (The Hitch-Hiker, 1953), tornando-se a primeira mulher a dirigir um noir. Durante a década de 60, dedicou-se aos programas de televisão, dirigindo episódios de séries como 'Alfred Hitchcock Presents', 'The Twilight Zone' , 'Os Intocáveis' (The Untouchables), 'O Fugitivo' (The Fugitive) e 'A Feiticeira' (Bewitched). Ao todo, dirigiu 8 longas e mais de 100 episódios de televisão.

O documentário está disponível na íntegra e legendado no YouTube: Clique aqui

Para quem se interessar, deixo aqui também duas coleções em dvd:

As Pioneiras do Cinema: Clique aqui;
A Arte de Ida Lupino: Clique aqui
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domingo, 15 de agosto de 2021

O Beijo no Asfalto (1980), um clássico nacional baseado na peça de Nelson Rodrigues

 

Obsceno. Vulgar. Sujo. Pornográfico. Estes eram alguns adjetivos que costumavam permear as opiniões acerca de Nelson Rodrigues durante toda a sua carreira. Conhecido por expor as mais degradantes facetas do ser humano, trazendo à luz toda a podridão que a hipócrita sociedade brasileira tanto se envergonhava e se envergonha até hoje, o dramaturgo que levou o teatro do país a outro patamar conseguia a proeza de ser odiado de norte a sul. Desprezado pela esquerda por sua posição política, sendo assumidamente reacionário, muito menos tinha o apoio da direita conservadora, que se escandalizava com o teor de suas obras. Apesar de críticas avassaladoras, no entanto, o sucesso não lhe escapou, conseguindo consagrar-se como jornalista e escritor, nas mais variadas narrativas, de romances à crônicas sobre futebol. 

Nelson Rodrigues

Já consagrado, tendo como principais trabalhos a peça 'Vestido de Noiva' (1943) e as crônicas diárias intituladas 'A Vida como Ela é..' (1950 a 1961), escritas para o jornal 'Última Hora', Nelson Rodrigues publicou em 1960 a peça 'O Beijo no Asfalto', que teve sua primeira montagem um ano depois no Teatro dos Sete, com elenco formado por Fernanda Montenegro, Sérgio Britto, Ítalo Rossi e Oswaldo Loureiro. O autor, que por anos havia ganhado a vida como jornalista, costumava se inspirar em manchetes de noticiários para dar o ar cotidiano de suas obras. Em uma destas, descrevia-se os últimos momentos do repórter do jornal 'O Globo', Pereira Rego, que após ser atropelado por um ônibus no Largo do Machado, centro do RJ, pedira um beijo de despedida à uma jovem desconhecida que havia se debruçado para socorre-lo. Nas mãos de Nelson Rodrigues, o beijo de misericórdia passa a ser o centro de várias vertentes da hipocrisia e da imoralidade da sociedade brasileira, fazendo parte da série de peças chamada 'Tragédias Cariocas'.

Suely Franco, Fernanda Montenegro e Oswaldo Loureiro na adaptação teatral em 1961

A história teve três adaptações para as telas. A primeira, com o título apenas de 'O Beijo', estreou em 1964, com direção de Flávio Tambellini e com Reginaldo Faria, Norma Blum, Xandó Batista e Jorge Dória no elenco. Mais recentemente, em 2018, sob a direção de Murilo Benício, com Fernanda Montenegro, Lázaro Ramos, Débora Falabella e Stênio Garcia, foi realizada a terceira e última adaptação até então. Mas falemos da mais famosa das versões, a de 1980, com o icônico beijo entre Ney Latorraca e Tarcísio Meira, que dividem os holofotes com Christiane Torloni, Daniel Filho, Oswaldo Loureiro e Lídia Brondi no clássico do cinema nacional, de Bruno Barreto.

Sobre o filme


Embora Tarcísio Meira seja o primeiro nome nos créditos do longa, é Ney Latorraca quem mais se destaca na produção, interpretando o protagonista Arandir. Logo nas imagens iniciais, vemos a cena de um atropelamento, com a familiar multidão de curiosos em volta da vítima. Este fato simples e cotidiano, que apesar de lamentável acontece com enorme frequência, ganha o interesse de um repórter sensacionalista e de um delegado corrupto, ansioso por desviar as atenções de uma notícia negativa envolvendo seu nome. Em seus últimos suspiros, um jovem ganha um beijo de despedida de uma pessoa que se debruça para acudi-lo. Mas a pessoa em questão não é uma mulher, e sim alguém do sexo masculino. E a sociedade pode perdoar atos mais simples como assassinatos, estupros e corrupção, mas um beijo homossexual em público? Não existe maior aberração e falta de decoro! 
*Obviamente o texto acima contém ironia

Na capa do jornal, Arandir é apontado como amante do homem atropelado e até mesmo acusado de tê-lo assassinado, o empurrando na frente do ônibus. Sem nenhuma prova, apenas com sua sentença estampada no tabloide, a vida e a dignidade do simples bancário são totalmente ignoradas, não só pelos 'vilões', que criaram o rumor, como também pelas pessoas comuns, nós, a sociedade, aqui mostrada como seus vizinhos, seus colegas de trabalho e, até mesmo, sua família. Humilhado no trabalho, perseguido nas ruas e sendo xingado em trotes e pichações, a rotina simples na casa em que vive com a esposa e a cunhada, platonicamente apaixonada por ele, torna-se insustentável, exigindo uma fuga, tal qual um criminoso. 

Embora escrita em 1960, tanto em 1980, exatos 20 anos depois, quanto em 2021, mais de 60 anos depois, o tema continua mais atual do que nunca. Escancarando toda a hipocrisia do falso puritanismo e a facilidade em conseguir algo por meios escusos, temos uma crítica clara à corrupção policial, que aplica a lei apenas aonde lhe convém, ao sensacionalismo da imprensa, que manipula e cria notícias para vender jornais e contribui para cortinas de fumaça para os assuntos efetivamente relevantes, além da óbvia homofobia e da sempre presente sexualidade reprimida, um dos principais assuntos da obra rodriguiana. A jornalista, vivida por Xuxa Lopes em rápida participação, aparece como uma voz sensata em meio ao caos mas logo é sobreposta por opiniões cada vez mais absurdas. O desfecho, que acaba sendo previsível por um lado e surpreendente por outro, encerra de uma forma cíclica a trama repleta de sujeiras. 

Para quem se interessa, o filme está disponível na íntegra no Youtube: Assista aqui

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domingo, 8 de agosto de 2021

Filmes clássicos sobre pais

Aqui no blog já temos uma lista com 'Filmes clássicos sobre mães', então nada mais justo do que termos também uma versão para os pais. Os clássicos são o foco e a intenção não é colocar todos os longas já realizados sobre o tema, apenas alguns deles, por isso vou deixar ao final do post algumas menções honrosas, mas sintam-se a vontade para comentar seus favoritos e também os que ficaram de fora da matéria.

O Pai da Noiva (Father of the Bride, 1950)


Spencer Tracy protagoniza o longa ao lado de Joan Bennett, interpretando um pai que entra em crise existencial ao se dar conta de que sua garotinha, vivida por Elizabeth Taylor, se tornou uma adulta e irá se casar. O longa ganhou uma sequência, intitulada 'O Netinho do Papai' (Father's Little Dividend, 1951), onde, um ano após o conflito do protagonista com o casamento de sua filha, ele precisará lidar agora com o fato de se tornar avô de primeira viagem. Em 1991, a história ganhou um remake homônimo, estrelado por Steve Martin, Diane Keaton e Kimberly Williams-Paisley, e também uma sequência, 'O Pai da Noiva 2 (Father of the Bride Part II, 1995).

Kramer vs. Kramer (1979)


Dustin Hoffman interpreta Ted Kramer, um homem que se dedica mais ao trabalho do que a esposa e ao filho. Cansada de seu casamento, Joanna Kramer (Meryl Streep) decide sair de casa, deixando para trás não só o marido mas também seu filho. Após se ajustar à sua nova vida como pai solteiro, Ted se depara com a volta de Joanna, que quer a guarda do filho, e os dois acabam indo para o tribunal resolver a situação. O longa rendeu uma indicação ao Oscar para o pequeno Justin Henry, além da primeira estatueta tanto de Dustin Hoffman (na categoria principal) quanto de Meryl Streep (como coadjuvante), vencendo também como melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro adaptado, ambas para Robert Benton.

Papai Batuta (Cheaper by the Dozen, 1950)


Baseado na história real da família Gilbreth, o filme é ambientado na década de 20 e mostra a divertida e caótica rotina de um casal com 12 filhos, onde o pai, um engenheiro de eficiência, educa as crianças de maneira pouco ortodoxa. O enredo foi adaptado do livro autobiográfico de mesmo nome, escrito por Frank Bunker Gilbreth Jr. e Ernestine Gilbreth Carey. No elenco estão Clifton Webb, Jeanne Crain e Myrna Loy. Em 2003, foi produzido o longa 'Doze é Demais' (Cheaper by the Dozen), vagamente inspirado no livro dos irmãos Gilbreth.

Nossa Vida com Papai (Life with Father, 1947)


No final do século XIX, em Nova York, o corretor de corretor de Wall Street Clarence acha que é o homem quem deve mandar na casa. No entanto, é sua esposa Vinnie quem dá as cartas na família. Ao ver que os filhos estão pensando em namorar e criando alguns problemas, ele decide fazer algumas mudanças para melhorar a dinâmica de seu lar. Protagonizado pelos veteranos William Powell e Irene Dunne, o elenco também conta com uma jovem Elizabeth Taylor.

O Sol é Para Todos (To Kill A Mockingbird, 1962)


Baseado no clássico de Harper Lee, a produção gira em torno do advogado Atticus Finch, que decide defender um homem negro da acusação de estupro em uma cidade dominada pelo preconceito durante a década de 30. Contada sobre a perspectiva da pequena Louise, tem como tema a discussão sobre o racismo, além da relação de carinho e admiração entre pai e filha. Gregory Peck ganhou o único Oscar de sua carreira por seu desempenho.

Marujo Intrépido (Captains Courageous, 1937)


Com um elenco de peso, encabeçado por Freddie Bartholomew e Spencer Tracy, vencedor do Oscar por seu desempenho, o longa narra as aventuras de um garoto mimado que é salvo por um pescador após cair no mar durante uma viagem. Filho de um magnata que não lhe da muita atenção, ele acaba desenvolvendo uma forte ligação com o pescador, mais profunda do que a que tem com seu próprio pai.

Ladrões de Bicicleta (Ladri di biciclette, 1948)


Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) se vê desempregado em uma Itália devastada após o final da Segunda Guerra. Quando as coisas finalmente parecem melhorar e ele consegue um emprego, sua bicicleta acaba sendo roubada. Sabendo que sem o seu meio de transporte será impossível trabalhar, ele parte em busca do ladrão ao lado de seu fiel companheiro, o filho Bruno (Enzo Staiola).

O Garoto (The Kid, 1921)


Uma das grandes obras de Charlie Chaplin, o filme começa com uma mãe abandonando seu bebê por não ter condições de cria-lo. A criança acaba sendo colocada em uma lata de lixo por terceiros e é encontrada pelo mais famoso vagabundo do cinema. Sem saber o que fazer, ele decide criar o garoto e os dois desenvolvem uma relação de pai e filho, aplicando pequenos golpes para ganhar uns trocados. No entanto, um orfanato local tenta separar os dois, tirando o menino de seu tutor, enquanto - paralelamente - a mãe, agora uma famosa cantora, tenta reencontrar seu filho.

Os Vúvos Também Sonham (A Hole in the Head, 1959)


Frank Sinatra vive Tony Manetta, um homem que parece ainda estar na adolescência, sempre rodeado de empreendimentos mirabolantes e relacionamentos sem futuro com mulheres bonitas. Apesar de sua falta de responsabilidade, seu filho Eddie tem profunda adoração por ele. Após pedir dinheiro emprestado para seu irmão mais velho, Tony recebe um ultimato para se casar com uma boa moça e dar um lar estável para seu filho, sob o risco de perder a guarda do garoto.

Bancando à Ama Seca (Rock-a-Bye Baby, 1958)


O atrapalhado Clayton Poole (Jerry Lewis) não consegue dizer 'não' ao pedido de sua amada Carla Naples. Seu amor platônico desde a infância, a bela tornou-se uma estrela de cinema que, após um casamento relâmpago com um toureiro, se vê grávida de trigêmeos. Para não destruir sua carreira, ela acaba recorrendo ao sempre prestativo Clayton, sem revelar que se tratam de 3 crianças. O jovem então acaba tendo sua vida virada de cabeça para baixo e precisa lidar com fraldas, mamadeiras e bebês chorando o tempo todo.

O Papai Playboy (The Pleasure of His Company, 1961)


Biddeford "Pogo" Poole (Fred Astaire) é um típico bon vivant que passou os últimos anos viajando pelo mundo e curtindo as coisas boas da vida. Ao saber do casamento de sua filha, ele decide comparecer à cerimônia, indo visita-la alguns dias antes. Exultante com a presença de seu pai, a jovem acaba se deixando levar por seu enorme carisma e começa a ficar em dúvida sobre seus sentimentos pelo noivo. O filme também conta com Debbie Reynolds, Lilli Palmer e Tab Hunter no elenco.

Lua de Papel (Paper Moon, 1973)


Uma órfã de mãe é deixada aos cuidados do vigarista Moses Pray. Determinado a levar a menina até uma tia para se livrar da responsabilidade, ele vai aplicando alguns golpes em viúvas durante a viagem para conseguir dinheiro. Logo a pequena Addie Loggins entende o estilo de vida de Moses e passa a ajuda-lo, dando mais credibilidade às suas artimanhas. O filme foi estrelado por Ryan e Tatum O'Neal, pai e filha na vida real. A atriz tornou-se a mais jovem vencedora do Oscar, ao receber a estatueta como coadjuvante.

Papai Precisa Casar (The Courtship of Eddie's Father, 1963)


Eddie quer que seu pai se case novamente e tenta dar uma de cupido, sem muito sucesso. Após desaprovar as namoradas escolhidas pelo pai, ele se esforça para junta-lo à sua simpática vizinha. A comédia é estrelada por Glenn Ford, Shirley Jones e Ron Howard, ainda na infância.

O Iluminado (The Shining, 1980)


E o troféu de melhor pai vai para.. rs Está certo que Jack Torrance tenta matar a família mas uma lista com filmes sobre pais não estaria completa sem 'O Iluminado'. O personagem, interpretado por Jack Nicholson, se torna o caseiro do Hotel Overlook, que permanece fechado durante todo o inverno devido às baixas temperaturas do local. Aspirante a escritor, Torrance aceita o emprego e vai com a esposa e o filho para o hotel, onde ele poderá aproveitar o tempo para escreveu seu livro. Mas a atmosfera sombria vai afetando os três membros, em especial Jack, que começa a demonstrar um comportamento cada vez mais agressivo, e seu filho Danny, que tem visões de assassinatos cometidos anos atrás no hotel. Shelley Duvall e Danny Lloyd completam o elenco do clássico de Stanley Kubrick baseado na obra-prima de Stephen King.

Papai Não Sabe Nada (Take Her, She's Mine, 1963)


Frank Michaelson (James Stewart) é um homem conservador e um pai extremamente protetor com sua filha Mollie (Sandra Dee), uma jovem atraente que foi estudar no exterior. Preocupado com o conteúdo das cartas enviadas pela filha, onde conta sobre seus amigos e suas aventuras, ele decide pegar um avião para investigar melhor o que anda acontecendo.

Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof, 1958)


Big Daddy (Burt Ives) é o patriarca da família e está completando 65 anos de idade. Ao se deparar com a maturidade e com uma notícia desagradável, ele decide por um fim à hipocrisia que existe em sua casa e obriga seu filho favorito, o alcoólatra Brick (Paul Newman), a encarar os fantasmas de seu passado e a resolver de uma vez por todas seus problemas com a esposa Maggie (Elizabeth Taylor).

O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972)


Apesar de ser um filme sobre a máfia, é impossível não associa-lo à figura do patriarca e de sua relação com os filhos. Quando Don Corleone (Marlon Brando) é baleado por uma família rival, seus filhos precisam assumir o controle de seus negócios e planejar uma vingança. Michael (Al Pacino), filho favorito e que até então desprezava a profissão de seu pai, acaba se envolvendo diretamente na guerra da máfia em Nova York e herdando o título de Don que tanto o incomodava. Em ambas as sequências da trilogia, respectivamente de 1974 e 1990, com Michael agora como patriarca, o tema continua bastante presente. Brando venceu seu segundo Oscar por sua lendária atuação.

Manias de Gente Rica (A Successful Calamity, 1932)


Após voltar de viagem, o milionário Henry Wilton não gosta das novidades que encontra em sua casa. Para dar uma lição na família, ele finge que perdeu todo seu dinheiro e que agora está pobre. Para sua surpresa, seus filhos acabam tomando atitudes positivamente inesperadas mas desconfia que sua esposa planeja abandona-lo. Estrelado por George Arliss e Mary Astor.

Tarde Demais (The Heiress, 1949)


Apesar de ser uma moça doce e tímida, Catherine Sloper (Olivia de Havilland) é constantemente humilhada e controlada por seu pai, Dr. Austin Sloper (Ralph Richardson). Após se apaixonar por Morris Townsend (Montgomery Clift) em uma festa, a jovem faz planos com seu amado, mas seu pai planeja provar-lhe que o rapaz não passa de um interesseiro, já que com sua boa aparência jamais se encantaria por uma moça sem graça como a filha. Após sofrer uma desilusão e cansada da tirania do pai, Catherine se rebela e torna-se uma mulher fria. Olivia De Havilland venceu seu segundo Oscar pelo longa.

Vidas Amargas (East of Eden, 1955)


James Dean vive Cal Trask, um jovem que se ressente pela preferência de seu pai (Raymond Massey) por seu irmão Aaron (Richard Davalos). A rivalidade entre os irmãos aumenta quando Carl se apaixona por Abra (Julie Harris), namorada de Aaron. Para tentar chamar a atenção do pai e entender melhor suas origens, o rapaz decide procurar a mãe, que abandonou a família há anos atrás e agora trabalha como dona de um bordel. Primeiro papel de protagonista de James Dean, também foi o único que o astro viu estrear, já que seus outros dois trabalhos foram lançados postumamente. 



Algumas menções honrosas com filmes um pouco mais atuais, que não deixam de ser importantes: 'Desaparecido: Um Grande Mistério' (Missing, 1982) 'Férias Frustradas' (National Lampoon's Vacation, 1983), 'Três Solteirões e um Bebê' (Three Men and a Baby, 1987), 'Indiana Jones e a Última Cruzada' (Indiana Jones and the Last Crusade, 1989), 'Sintonia de Amor' (Sintonia de Amor (Sleepless in Seattle, 1993), 'Uma Babá Quase Perfeita' (Mrs. Doubtfire, 1993), 'Tempo de Matar' (A Time to Kill, 1996), 'O Mentiroso' (Liar Liar, 1997), 'Um Dia, Dois Pais' (Fathers' Day, 1997), 'Uma Lição de Amor' (I Am Sam, 2001), 'Sobre Meninos e Lobos' (Mystic River, 2003), 'Procurando Nemo' (Finding Nemo, 2003), 'À Procura da Felicidade' (The Pursuit of Happyness, 2006), 'Busca Implacável' (Taken, 2008), 'Os Descendentes' (The Descendants, 2011), 'Toda Forma de Amor' (Beginners, 2011), 'Os Suspeitos' (Prisoners, 2013), 'Interstellar' (2014), 'Capitão Fantástico' (Captain Fantastic, 2016) e 'Meu Pai' (The Father, 2020).

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domingo, 4 de julho de 2021

Conhecendo a Coleção Especial Olivia de Havilland

 


Olivia de Havilland ficou eternizada por seu desempenho como Melanie Hamilton no clássico 'E o Vento Levou' (Gone With the Wind, 1939) e por heroínas românticas ao lado do galã Errol Flynn, com quem atuou em 8 filmes. Sua beleza suave e seu jeito doce favoreciam o estereótipo de mocinha inocente e recatada, que a Warner insistia em lhe impor. Mas de ingênua a atriz não tinha nada! Com um pai advogado, ela sabia muito bem seus direitos e chegou a processar o estúdio por suas condutas abusivas, como impedir o encerramento de seu contrato e a imposição de papéis que ela não queria interpretar. A justiça decidiu a seu favor e foi criada assim a 'Lei De Havilland, que finalmente concedia direitos aos atores, que antes eram escravos dos grandes estúdios.  Duas vezes vencedora do Oscar, por seu desempenho em 'Só Resta Uma Lágrima' (To Each His Own, 1946) e 'Tarde Demais' (The Heiress, 1949),  tornou-se um dos nomes mais respeitados de sua época, com uma extensa filmografia, mostrando que sabia convencer como a mais bondosa das mulheres ou como cínicas vilãs.


Em uma coleção especial contendo 6 filmes em 3 discos, a Obras-Primas do Cinema trouxe um box que comprova toda a versatilidade da atriz, com longas que vão da década de 1940 até a de 1960, em diferentes gêneros e estilos. Confira abaixo um pouco mais:


Disco 01:

A Dama Enjaulada (Lady in a Cage, 1964)


Aqui temos um filme no subgênero terror psicológico, onde a personagem Cornelia Hilyard se vê em uma situação inusitada. Uma viúva rica morando em uma mansão de 3 andares, ela precisa do auxílio de um elevador para transitar pela casa, por conta de um problema na perna. Em mais um dia comum, sozinha na residência, ela acaba presa em seu meio de transporte pessoal após uma pane elétrica. Para seu desespero, seus pedidos por socorro são ouvidos por um grupo de pessoas que, ao invés de ajuda-la, percebem que estão diante de bens valiosos, preferindo rouba-la e aterroriza-la, fazendo com que o elevador acabe se tornando uma verdadeira jaula claustrofóbica diante de sua impotência. Filme de estreia do ator James Caan, conta também com a participação de Ann Sothern no elenco. A direção é de Walter Grauman.

A Noite é Minha Inimiga (Libel, 1959)


No longa, a atriz interpreta Lady Margaret Loddon, dividindo a tela com Dirk Bogarde, como Sir Mark Loddon. O casal de aristocratas tem sua vida transformada quando um ex-colega de exército acusa Loddon de ser um impostor, chamado Frank Welney, que roubou a identidade do verdadeiro Lord durante a Guerra e passou a viver em seu lugar, aproveitando-se de uma conveniente semelhança física entre ambos. Ultrajado com a denúncia, ele decide ir à justiça para provar a verdade mas, devido a ferimentos na cabeça durante a guerra, ele tem episódios de amnésia e gagueja com frequência perante o júri, complicando ainda mais sua situação. Com a direção de Anthony Asquith, o elenco conta também com Paul Massie.

Disco 02:

Eu Te Matarei Querida (My Cousin Rachel, 1952)


O órfão Philip Ashley fora criado por seu primo mais velho Ambrose que, após muitos anos cuidando de sua propriedade na Inglaterra, decide se aventurar em uma viagem pela Itália. Através de cartas, Philip fica sabendo que seu guardião se apaixonou pela encantadora Rachel e que os dois se casaram em pouco tempo. Mas o teor cheio de romantismo de suas mensagens, logo da lugar a pedidos de socorro, que alegam que sua nova esposa está tentando mata-lo. Com a morte de Ambrose, Philip tem a certeza da culpa de Rachel e planeja vingar-se. Ao conhece-la, no entanto, assim como seu primo, ele se vê arrebatado pelo fascínio exercido pela jovem viúva, não sabendo mais se ela corresponde aos seus sentimentos ou se planeja apenas manipula-lo para ficar com sua fortuna. Baseado na obra homônima de Daphne du Maurier, mesma autora de 'Rebecca', foi dirigido por Henry Koster e tem Richard Burton como protagonista masculino. Confira a resenha aqui no blog

Sua Alteza Quer Casar (Princess O'Rourke, 1943)


Sabe o conflito citado na introdução deste post? Eis aqui o estopim para o processo movido por Olivia contra a Warner. Além de mais uma vez ser colocada em um papel 'água com açúcar', que não lhe permitia mostrar seu potencial de representação, a produção sofreu diversos atrasos já que seu par romântico, o ator Robert Cummings filmava simultaneamente o longa 'Fruta Cobiçada' (Between Us Girls, 1942) e precisava se ausentar com frequência das gravações, o que aumentou ainda mais a insatisfação da estrela, sendo o ponto decisivo para que ela tomasse a decisão de lutar por seus direitos. Apesar de toda a tensão, o filme tem um enredo leve, sobre um piloto de avião que se apaixona por uma bela passageira, acreditando se tratar de uma jovem empregada, ignorando o fato de sua amada ser na realidade uma princesa. Vencedor do Oscar de melhor roteiro original, conta com a direção de Norman Krasna e a participação de Charles Coburn.

Disco 3:

Espelho d'Alma (The Dark Mirror, 1946)


Muito antes de Ruth e Raquel ou Paulina e Paola, Hollywood já explorava este clichê que amamos, da gêmea boa e da gêmea má. Aqui, um assassinato é cometido e a vítima tinha relação com uma das irmãs. Como ambas possuem álibi e se protegem mutuamente, a polícia fica sem provas de qual das duas realmente cometeu o crime. Um psicólogo é convocado para traçar o perfil de cada uma e acaba se formando um triângulo amoroso, que pode abalar a relação entre as gêmeas. Com Lew Ayres e Thomas Mitchell, a direção é de Robert Siodmak.

Uma Loira com Açúcar (The Strawberry Blonde, 1941)


Dividindo a tela com James Cagney e Rita Hayworth, Olivia interpreta Amy Lind, a melhor amiga de Virginia, a moça mais cobiçada da cidade. O dentista Biff Grimes é um dos pretendentes da exuberante jovem, que tem seu coração partido quando sua musa escolhe um de seus colegas para casar, por ele ter mais a lhe oferecer financeiramente. Desiludido, ele se conforma em casar com Amy e os dois passam a desenvolver uma relação de amor e companheirismo. Direção de Raoul Walsh.

Além dos filmes, a coleção conta com 6 cards e extras, contendo uma entrevista com Olivia de Havilland (44 minutos) e uma análise de "Espelhos d'Alma" (34 minutos). A edição está disponível nas melhores lojas do ramo, incluindo a Colecione Clássicos
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