domingo, 22 de dezembro de 2024

Curiosidades e bastidores de 'O Mágico de Oz' (The Wizard of Oz, 1939)

 



Dirigido por Victor Fleming e estrelado por Judy Garland, 'O Mágico de Oz' (The Wizard of Oz, 1939) é considerado um dos maiores filmes do cinema de todos os tempos. Apesar da atemporalidade presente em qualquer clássico, a história vem ganhando novas roupagens e sendo apresentada para as novas gerações em longas como 'Oz: Mágico e Poderoso' (Oz: The Great and Powerful, 2013) e, atualmente, a superprodução 'Wicked' (2024), que abordam o enredo sob a ótica de outros personagens.

Pensando nisso, aqui vai uma postagem para satisfazer tanto os amantes da versão de 1939 quanto os novos espectadores, que desejam saber mais sobre a história original de 'Oz', com diversas curiosidades e bastidores da produção:


  • A história foi criada pelo escritor L. Frank Baum (foto abaixo) e publicada originalmente em 17 de maio de 1900, com o título de 'O Maravilhoso Mágico de Oz' (The Wonderful Wizard of Oz). O livro tornou-se rapidamente um sucesso de vendas, sendo adaptado para o teatro e para o cinema. Devido ao enorme êxito, o autor publicou mais 13 sequências da história. Após a morte de Baum, a editora contratou outros autores para dar continuidade à obra, que tem cerca de 40 livros oficiais.


  • Engana-se quem pensa que a adaptação de 1939 foi a primeira a ser realizada. Em 1902, apenas dois anos após a publicação do livro, o musical 'O Mágico de Oz' (The Wizard of Oz) estreou em Chicago. Após uma turnê, o espetáculo chegou à Broadway em 1903. Ao longo da década, foram feitas centenas de apresentações nos palcos. 

  • Já nas telas, o curta-metragem 'O Mágico de Oz' (The Wonderful Wizard of Oz) foi lançado em 1910, estrelado por Bebe Daniels (foto abaixo). Em 1925, estreou o longa-metragem 'O Feiticeiro de Oz' (The Wizard of Oz), com Dorothy Dwan no papel principal.

  • Judy Garland tinha 16 anos durante as filmagens, precisando conciliar as gravações com os estudos. Entretanto, a jovem atriz precisou usar uma espécie de cinta para parecer mais nova e para diminuir o tamanho dos seios. Além disso, ela fez diversos testes de penteado e figurino, até ser escolhido seu icônico visual como Dorothy.

  • Richard Thorpe (foto abaixo, com Judy Garland) foi originalmente o diretor contratado para estar à frente de 'O Mágico de Oz'. O cineasta é conhecido por seu trabalho na série de filmes do 'Tarzan', com Johnny Weissmuller, além de clássicos como 'Ivanhoé, o Vingador do Rei' (Ivanhoe, 1952). No entanto, suas decisões durante a produção do musical, não agradaram ao estúdio, que o demitiu após duas semanas. Interinamente, George Cukor supervisiou alguns detalhes, embora não tivesse pretensão de assumir o projeto. Victor Fleming foi escolhido como substitudo oficial para o cargo. Ao final da produção, Fleming deixou o cargo para dirigir 'E o Vento Levou' (Gone With the Wind, 1939). Assim, King Vidor foi chamado para dirigir algumas das sequências finais. 

  • Um dos maiores erros cometidos por Thorpe foi em relação à caracterização de Judy Garland. O diretor optou por utilizar uma peruca loira na atriz, além de uma maquiagem um pouco forte, como a de uma boneca. O visual final era completamente contrário ao de uma jovem de 13 anos do interior do Kansas, como deveria ser a personagem Dorothy. Após a demissão do diretor, o comando foi interinamente assumido pelo experiente George Cukor. Embora Fleming tenha sido contratado oficialmente para o cargo, foi Cukor quem suavizou o visual de Judy Garland, instruindo que ela se comportasse natualmente e deixasse de lado a peruca e a maquiagem anterior. 

  • Outra personagem que se beneficiou da breve mas valiosa contribuição de Cukor foi a grande vilã do longa. Interpretada por Margaret Hamilton, a Bruxa Má do Oeste usava os cabelos soltos durante a 'Era Thorpe'. George Cukor achou mais interessante puxar as madeixas para trás, deixando o rosto da bruxa em evidência.



  • Margaret Hamilton não foi a primeira escolha para interpretar a Bruxa Má do Oeste. Anteriormente, a atriz Gale Sondergaard havia sido sondada para o papel, chegando a fazer diversos testes de imagem, com diferentes maquiagens e figurinos. Entretanto, ela acabou declinando quando os produtores decidiram que a personagem precisava ser feia e até mesmo assustadora. 

  • Ainda sobre trocas no elenco, Jack Haley acabou sendo escalado como o 'Homem de Lata' após a dramática saída de Buddy Ebsen. Conhecido principalmente por estrelar a série 'A Família Buscapé' (The Beverly Hillbillies, 1962 - 1971), Ebsen foi a escolha original para o personagem. Entretanto, após alguns dias de gravação, o ator começou a apresentar uma forte reação alérgica por conta da maquiagem usada em sua caracterização. Com alumínio na composição, ele precisou ser até hospitalizado devido à intoxicação. Com isso, Haley ficou com o papel e a fórmula da maquiagem foi devidamente modificada.

  • Desconforto seria uma palavra suave para definir a situação dos atores durante as gravações. Todos os personagens principais encontraram desafios com suas caracterizações. Margaret Hamilton precisava ser pintada de verde, com o detalhe da tinta ser tóxica. Já os fiéis escudeiros de Dorothy, interpretados por Ray Bolger (Espantalho), Bert Lahr (Leão Covarde) e Jack Haley (Homem de Lata) disputavam quem usava a fantasia mais incômoda. As inúmeras luzes do estúdio faziam com que a temperatura ficasse quase insuportável dentro dos figurinos. A máscara de borracha do Espantalho era quente e apertada, quase sufocando Bolger algumas vezes. Já a roupa usada por Lahr era pesada e o fazia suar tanto que precisava ficar secando de um dia para o outro. Algumas fontes afirmam, inclusive, que a peça era supostamente feita com pele de leão de verdade, o que não consegui confirmar. 

  • Na história original do livro, os lendários sapatos vermelhos de Dorothy eram, na verdade, prateados. A MGM optou por mudar a cor para um efeito mais contrastante nas filmagens em Technicolor. Além do modelo usado no filme, o figurinista Adrian criou diversas outras opções do sapato de rubi, incluindo uma em estilo árabe;

Totó, o fiel escudeiro de Dorothy, tornou-se um dos cães mais famosos do cinema. Ele, na verdade, era ela. A cachorrinha, da raça Cairn Terrier, se chamava Terry. Adotada ainda filhote, foi treinada por Carl Spitz. Ela já havia aparecido nas telas anteriormente nos filmes 'Pronto Para o Amor' (Ready for Love, 1934), com Ida Lupino, e 'Olhos Encantadores' (Bright Eyes, 1934), ao lado de Shirley Temple. Terry recebia o salário de US$ 125 por semana, sendo mais bem pago que alguns atores humanos do filme. Ela faleceu aos 11 anos, depois de ter feito diversos clássicos. Em 18 de junho de 2011, um memorial permanente para Terry foi inaugurado no cemitério Hollywood Forever, em Los Angeles, com direito a uma estátua. Terry teve uma biografia publicada em 2001, chamada 'Eu, Totó: A Autobiografia de Terry, o Cão que Era Totó', de Willard Carroll;


  • Em uma das cenas, a bruxa desaparecia em meio à labaredas, que foram feitas com fogo de verdade. Entretanto, devido a erros técnicos, Margaret Hamilton acabou sendo atingida pelas chamas, tendo queimaduras de segundo grau no rosto e de terceiro grau nas mãos. A atriz foi levada rapidamente para limpar a maquiagem, que era tóxica, para evitar que penetrasse nos ferimentos. Usando álcool isopropílico, a maquiagem foi retirada, causando uma dor lancinante à Hamilton. Ela demorou em torno de seis semanas para se recuperar e voltar para as filmagens;

  • A filha de Judy Garland, Liza Minnelli, foi casada com o filho de Jack Haley (o Homem de Lata), Jack Haley Jr., de 1974 a 1979;

  • Judy Garland e Margaret Hamilton se reencontraram publicamente em 1968, no programa 'The Merv Griffin Show'. Infelizmente, existem apenas algumas fotos e áudios sobreviventes. Garland faleceu poucos meses depois, em 1969.


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