domingo, 22 de julho de 2018

O Meninão (You're Never Too Young, 1955)


Cerca de um ano antes de anunciarem oficialmente o fim de sua parceria, a dupla Dean Martin e Jerry Lewis estreava nos cinemas americanos sua mais nova comédia, O Meninão (You're Never Too Young), em 1955. No longa, o atrapalhado barbeiro Wilbur Hoolick (Jerry Lewis) acaba tendo que fugir da cidade quando um ladrão coloca um diamante roubado em seu bolso e o faz ser perseguido por um perigoso gangster. Apavorado com as ameaças recebidas, ele corre até a estação de trem, onde descobre não ter a quantia suficiente para comprar uma passagem. Como uma medida desesperada, ele decide fingir ser um menino de 12 anos para pagar meia entrada e conseguir embarcar rumo a qualquer outro local.


Já no trem, ele conhece a bela professora Nancy Collins (Diana Lynn), que encantada com o 'menino', o deixa pernoitar em sua cabine para que ele não precise viajar sozinho. Na manhã seguinte, quando seu namorado Bob Miles (Dean Martin) vai busca-la na estação juntamente com a manipuladora Gretchen Brendan (Nina Foch), uma colega de trabalho que secretamente é apaixonada por ele, sua reputação fica fortemente arranhada quando sua rival descobre que Nancy passou a noite com outro homem em sua cabine. Gretchen logo denuncia a jovem para a direção do rigoroso internato para moças onde ela e Bob lecionam. Para salvar o emprego de sua benfeitora, Wilbur acaba sendo levado ao colégio para provar que Nancy estava apenas ajudando um pobre garotinho de 12 anos de idade que viajava sem os pais. Com isso, ele se vê tendo que manter a farsa por mais alguns dias, já que é convidado a passar um período no local, tendo como colega de quarto o irmão de Gretchen, este sim, um garoto 12 anos. Todos, principalmente Nancy e as meninas do internato, parecem adorar o simpático Wilbur, com exceção do ciumento Bob, que é o único a desconfiar de sua real idade e fazer de tudo para desmascara-lo. Mas quando os bandidos e a polícia chegam ao colégio atrás do diamante roubado, Wilbur e Bob acabam se unindo para resolver a questão.

Um remake ao contrário


Anos antes de nos fazer engolir que Tony Curtis e Jack Lemmon poderiam ser confundidos com mulheres em 'Quanto Mais Quente Melhor' (Some Like It Hot, 1959), Billy Wilder já tinha experimentado a fórmula ao nos presentear com o divertidíssimo 'A Incrível Suzana' (The Major and the Minor), seu primeiro trabalho como diretor, em 1942,  onde Ginger Rogers se faz passar por uma menina de 12 anos para embarcar num trem pagando a metade do valor da passagem. Fato é que, apesar de absurdo, tanto a versão de 1942 quanto a de Jerry Lewis e Dean Martin, feita 13 anos depois, conseguem fazer rir justamente por todo o ridículo da situação, que só é possível pela magia do cinema. Apesar de contar com um enredo bem parecido, os dois filmes possuem também muitas diferenças em seu roteiro, incluindo o próprio desfecho da trama e a inversão dos gêneros de seus protagonistas, já que Jerry Lewis faz o papel que coube a Ginger Rogers, enquanto Dean Martin vive o personagem que teve Rita Johnson como intérprete na primeira versão.


Já Diana Lynn desempenha a função de mocinha, em contraste com o galã de Ray Milland, na década de 1940. Lynn, alias, tem a honra de ter participado das duas versões da história! Ainda em sua adolescência no ano de 1942, ela atuou ao lado de Ginger Rogers como sua colega de quarto e única cúmplice da farsa da protagonista (foto acima). A atriz também contracenou com Martin e Lewis em dois filmes anteriores da dupla: 'Amiga da Onça' (My Friend Irma, 1949) e sua continuação, 'Minha Amiga Maluca' (My Friend Irma Goes West, 1950).

Direção


Jerry Lewis e o diretor Norman Taurog nos bastidores de O Biruta e o Folgado, em 1952

A direção do longa coube a Norman Taurog, velho conhecido de Martin e Lewis, que esteve por trás das câmeras em outros seis trabalhos da dupla: 'Malucos no Ar' (Jumping Jacks, 1952), 'O Biruta e o Folgado' (The Stooge, 1952), 'Sofrendo da Bola' (The Caddy, 1953), 'A Farra dos Malandros' (Living It Up, 1954) e 'O Rei do Laço' (Pardners, 1956). Taurog também dirigiu Jerry Lewis em dois de seus filmes solo: 'A Canoa Virou' (Don't Give Up the Ship, 1959) e 'Rabo de Foguete' (Visit To A Small Planet, 1960). Além dos filmes com os dois atores, o cineasta é bastante conhecido por sua parceria com Elvis Presley, tendo dirigido o Rei do Rock em nove de seus longas. Vencedor do Oscar de Melhor Diretor em 1931 por 'Skippy', Norman Taurog manteve por 86 anos o record como o mais jovem ganhador da categoria, feito quebrado apenas em 2017, quando Damien Chazelle (também com 32 anos, porém sete meses mais novo) foi contemplado com a estatueta por La La Land.

O dvd da comédia foi lançado pela Obras-Primas do Cinema numa edição intitulada 'Sessão Especial Jerry Lewis & Dean Martin', que vem também com o último filme feito pelos dois, 'Ou Vai ou Racha (Hollywood or Bust, 1956', além de um Show de Stand-up com Jerry Lewis e Dean Martin.