quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

De Caniço e Samburá (Hook, Line & Sinker, 1969)


Final dos anos 60. Jerry Lewis, então com 20 anos de carreira no cinema, consagrado como rei da comédia, já não tinha mais o mesmo sucesso que o manteve no auge na última década. Com grandes êxitos como O Professor Aloprado (1963). Bancando a Ama Seca (1958), Artistas e Modelos (1955), O Meninão (1955) e Errado Pra Cachorro (1963), dentro muitos outros, Lewis teve uma bem-sucedida trajetória nos palcos e nas telas, formando uma das duplas mais famosas de Hollywood ao lado de Dean Martin. Em 1969, seus filmes já não atraíam mais a mesma quantidade de pessoas de outrora. O mundo estava mudando, as pessoas começavam a ter novos interesses. Toda a atmosfera de perfeição dos anos 50, que perdurou até a primeira metade da década seguinte, dava agora lugar à sede de liberdade. Musicais felizes e coloridos, assim como as comédias-românticas moralistas, já não arrebatavam mais o público, que queria mais do que ilusão. Os tempos eram outros e a audiência ansiava por mais realismo. O cinema precisou se adaptar a essa iminente realidade e novos nomes e estilos começaram a surgir, tomando lugar de ícones da 'velha guarda'.


Aos 43 anos, Jerry Lewis precisava se reinventar. Suas hilariantes caras e bocas e seu humor estilo pastelão já não agradavam como antes, mas como mudar sem perder sua essência? Essa foi a tentativa de Lewis em De Caniço e Samburá, que é considerado por muitos um filme mediano e até mesmo fraco, o que eu particularmente discordo com veemência. Comparado aos seus longas de maior sucesso, temos um Jerry Lewis mais contido, fazendo apenas eventuais caretas e sem alguns de seus vícios de atuação, com um enredo leve e de comédia, é claro, mas com pitadas de humor negro e uma história um pouco mais séria do que as demais. De maneira geral, as pessoas tendem a repudiar o que é diferente, o que sai da zona de conforto e do que elas já estavam acostumadas. Confesso que surpreendi positivamente com o filme. Esperava que fosse chato e arrastado, o que até é um pouco nos primeiros minutos, mas a história me prendeu bastante e acabou me conquistando completamente. Embora são seja o longa mais engraçado estrelado pelo ator, é um ótimo filme e que vale muito assistir e até mesmo ter em sua coleção!

A história



Quando o filme começa, sabemos que alguma coisa deu errado. Temos o personagem interpretado por Jerry Lewis em uma sala de hospital cercado por médicos e estudantes de medicina, que querem saber sua história. Descobrimos através de flashbacks que ele é Peter J. Ingersoll, um homem comum que conquistou o American Dream, com um emprego estável, uma encantadora casa no subúrbio (casa essa que também era usada no seriado A Feiticeira), carros e uma família digna de comercial de margarina, formada por sua bela e dedicada esposa e seus dois filhos pequenos, além de um enorme cachorro. Peter tem tudo que um homem pode sonhar, certo? Aparentemente sim, mas olhando a fundo, percebemos que ele é diariamente esmagado pela rotina, que não da trégua nem nos finais de semana. Com um trabalho que odeia e uma família que não lhe da sossego, o único prazer real do nosso protagonista é ir pescar aos domingos.


Sua esposa Nancy Ingersoll, interpretada pela fofa Ann Francis, é a responsável por cuidar dos gastos da família e adverte o marido do quão dispendioso pode ser seu hobby. Mas as notícias ainda pioram mais quando seu médico e melhor amigo, vivido por Peter Lawford, lhe da a triste notícia de que, devido a problemas cardíacos, ele só terá alguns meses de vida. Desconsolado, ele vai para casa e conta tudo para a esposa, que se sente culpada por ter lhe tirado seu único prazer e o aconselha a ir viajar pelo mundo para aproveitar ao máximo o pouco tempo que lhe resta. Embora tenha uma boa vida, Peter não tem dinheiro suficiente para tal extravagância, mas acaba sendo convencido por Nancy a gastar o quanto quisesse nos cartões da empresa onde trabalha, afinal quando as contas chegassem ele já estaria em outro plano e não teriam mais de quem cobrar.


Peter parte em viagem, hospedando-se nos melhores hotéis e não poupando em comidas e bebidas caras, indo pescar em diversos lugares, incluindo o Brasil, onde aparecem algumas imagens do Rio de Janeiro. Sua última parada é Lisboa, em Portugal, onde encontra seu velho amigo, Dr. Scott Carter, lhe esperando para dar uma notícia mais perturbadora ainda do que a de sua condição terminal. O médico lhe informa que devido a um erro, seu diagnóstico foi equivocado e que ele ainda irá veiver por muitos anos. Nas situação de Peter, pior do que morrer é não morrer, afinal suas dívidas são exorbitantes e ele não terá como pagar, além de correr o risco de ser preso por conta da fraude que cometeu. Sem saída, Peter acaba seguindo o conselho de Scott e forjando sua própria morte, até que descobre que o bom e velho doutor de seu amigo não tem nada e que ele foi vítima de uma grande armação. Após o choque e a decepção ao saber de toda a verdade, Peter começa a tramar e xecutar sua vingança.

Até então raro no Brasil, o dvd do filme acaba de ser lançado pela Classicline. Para adquirir, clique em um dos links abaixo:

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