Dirigido por Victor Fleming e estrelado por Judy Garland, 'O Mágico de Oz' (The Wizard of Oz, 1939) é considerado um dos maiores filmes do cinema de todos os tempos. Apesar da atemporalidade presente em qualquer clássico, a história vem ganhando novas roupagens e sendo apresentada para as novas gerações em longas como 'Oz: Mágico e Poderoso' (Oz: The Great and Powerful, 2013) e, atualmente, a superprodução 'Wicked' (2024), que abordam o enredo sob a ótica de outros personagens.
Pensando nisso, aqui vai uma postagem para satisfazer tanto os amantes da versão de 1939 quanto os novos espectadores, que desejam saber mais sobre a história original de 'Oz', com diversas curiosidades e bastidores da produção:
- A história foi criada pelo escritor L. Frank Baum (foto abaixo) e publicada originalmente em 17 de maio de 1900, com o título de 'O Maravilhoso Mágico de Oz' (The Wonderful Wizard of Oz). O livro tornou-se rapidamente um sucesso de vendas, sendo adaptado para o teatro e para o cinema. Devido ao enorme êxito, o autor publicou mais 13 sequências da história. Após a morte de Baum, a editora contratou outros autores para dar continuidade à obra, que tem cerca de 40 livros oficiais.
- Engana-se quem pensa que a adaptação de 1939 foi a primeira a ser realizada. Em 1902, apenas dois anos após a publicação do livro, o musical 'O Mágico de Oz' (The Wizard of Oz) estreou em Chicago. Após uma turnê, o espetáculo chegou à Broadway em 1903. Ao longo da década, foram feitas centenas de apresentações nos palcos.
- Já nas telas, o curta-metragem 'O Mágico de Oz' (The Wonderful Wizard of Oz) foi lançado em 1910, estrelado por Bebe Daniels (foto abaixo). Em 1925, estreou o longa-metragem 'O Feiticeiro de Oz' (The Wizard of Oz), com Dorothy Dwan no papel principal.
- Judy Garland tinha 16 anos durante as filmagens, precisando conciliar as gravações com os estudos. Entretanto, a jovem atriz precisou usar uma espécie de cinta para parecer mais nova e para diminuir o tamanho dos seios. Além disso, ela fez diversos testes de penteado e figurino, até ser escolhido seu icônico visual como Dorothy.
- Richard Thorpe (foto abaixo, com Judy Garland) foi originalmente o diretor contratado para estar à frente de 'O Mágico de Oz'. O cineasta é conhecido por seu trabalho na série de filmes do 'Tarzan', com Johnny Weissmuller, além de clássicos como 'Ivanhoé, o Vingador do Rei' (Ivanhoe, 1952). No entanto, suas decisões durante a produção do musical, não agradaram ao estúdio, que o demitiu após duas semanas. Interinamente, George Cukor supervisiou alguns detalhes, embora não tivesse pretensão de assumir o projeto. Victor Fleming foi escolhido como substitudo oficial para o cargo. Ao final da produção, Fleming deixou o cargo para dirigir 'E o Vento Levou' (Gone With the Wind, 1939). Assim, King Vidor foi chamado para dirigir algumas das sequências finais.
- Um dos maiores erros cometidos por Thorpe foi em relação à caracterização de Judy Garland. O diretor optou por utilizar uma peruca loira na atriz, além de uma maquiagem um pouco forte, como a de uma boneca. O visual final era completamente contrário ao de uma jovem de 13 anos do interior do Kansas, como deveria ser a personagem Dorothy. Após a demissão do diretor, o comando foi interinamente assumido pelo experiente George Cukor. Embora Fleming tenha sido contratado oficialmente para o cargo, foi Cukor quem suavizou o visual de Judy Garland, instruindo que ela se comportasse natualmente e deixasse de lado a peruca e a maquiagem anterior.
- Outra personagem que se beneficiou da breve mas valiosa contribuição de Cukor foi a grande vilã do longa. Interpretada por Margaret Hamilton, a Bruxa Má do Oeste usava os cabelos soltos durante a 'Era Thorpe'. George Cukor achou mais interessante puxar as madeixas para trás, deixando o rosto da bruxa em evidência.
- Margaret Hamilton não foi a primeira escolha para interpretar a Bruxa Má do Oeste. Anteriormente, a atriz Gale Sondergaard havia sido sondada para o papel, chegando a fazer diversos testes de imagem, com diferentes maquiagens e figurinos. Entretanto, ela acabou declinando quando os produtores decidiram que a personagem precisava ser feia e até mesmo assustadora.
- Ainda sobre trocas no elenco, Jack Haley acabou sendo escalado como o 'Homem de Lata' após a dramática saída de Buddy Ebsen. Conhecido principalmente por estrelar a série 'A Família Buscapé' (The Beverly Hillbillies, 1962 - 1971), Ebsen foi a escolha original para o personagem. Entretanto, após alguns dias de gravação, o ator começou a apresentar uma forte reação alérgica por conta da maquiagem usada em sua caracterização. Com alumínio na composição, ele precisou ser até hospitalizado devido à intoxicação. Com isso, Haley ficou com o papel e a fórmula da maquiagem foi devidamente modificada.
- Desconforto seria uma palavra suave para definir a situação dos atores durante as gravações. Todos os personagens principais encontraram desafios com suas caracterizações. Margaret Hamilton precisava ser pintada de verde, com o detalhe da tinta ser tóxica. Já os fiéis escudeiros de Dorothy, interpretados por Ray Bolger (Espantalho), Bert Lahr (Leão Covarde) e Jack Haley (Homem de Lata) disputavam quem usava a fantasia mais incômoda. As inúmeras luzes do estúdio faziam com que a temperatura ficasse quase insuportável dentro dos figurinos. A máscara de borracha do Espantalho era quente e apertada, quase sufocando Bolger algumas vezes. Já a roupa usada por Lahr era pesada e o fazia suar tanto que precisava ficar secando de um dia para o outro. Algumas fontes afirmam, inclusive, que a peça era supostamente feita com pele de leão de verdade, o que não consegui confirmar.
- Na história original do livro, os lendários sapatos vermelhos de Dorothy eram, na verdade, prateados. A MGM optou por mudar a cor para um efeito mais contrastante nas filmagens em Technicolor. Além do modelo usado no filme, o figurinista Adrian criou diversas outras opções do sapato de rubi, incluindo uma em estilo árabe;
- Em uma das cenas, a bruxa desaparecia em meio à labaredas, que foram feitas com fogo de verdade. Entretanto, devido a erros técnicos, Margaret Hamilton acabou sendo atingida pelas chamas, tendo queimaduras de segundo grau no rosto e de terceiro grau nas mãos. A atriz foi levada rapidamente para limpar a maquiagem, que era tóxica, para evitar que penetrasse nos ferimentos. Usando álcool isopropílico, a maquiagem foi retirada, causando uma dor lancinante à Hamilton. Ela demorou em torno de seis semanas para se recuperar e voltar para as filmagens;
- A filha de Judy Garland, Liza Minnelli, foi casada com o filho de Jack Haley (o Homem de Lata), Jack Haley Jr., de 1974 a 1979;