terça-feira, 24 de agosto de 2021

Cinema Pre-Code - Lançamento da Obras-Primas do Cinema

 


Mas, afinal, o que é 'Pre-Code'?


Em 1927, era inaugurada a era falada de Hollywood, com a estreia de 'O Cantor de Jazz' (The Jazz Singer). Com a chegada do som, aumentando ainda mais o fascínio e a atração que o cinema exercia no público, algumas autoridades católicas, como o editor Martin Quigley e o padre Daniel A. Lord, começaram a se preocupar com o decoro dos jovens norte-americanos. Segundo eles, a juventude era facilmente corrompida com os despudores mostrados nas telas e, sendo assim, decidiram estipular uma espécie de manual da moral e dos bons costumes, que foi entregue ao político Will H. Hays, que presidia a Associação de Produtores e Distribuidores de Filmes da América. Embora oficialmente o Código de Produção de Filmes tenha sido implantado em 1929, seu início não foi muito promissor. Com baixa vigilância, os filmes continuavam sendo produzidos normalmente, explorando diversos temas polêmicos, como aborto, homossexualidade, uso de drogas, prostituição, infidelidade, e até mesmo uma certa glamourização dos gângsters. Vendo que suas normas de nada adiantaram, houve uma forte campanha para uma efetivação da moralidade nas telas de cinema e, a partir de 1934, o Código Hays, como ficou conhecido, começou a ser levado a sério, obrigando todas as produções a passar por uma forte censura para conseguirem a aprovação para serem lançadas.

Homossexualidade, nudez, sexo e gângsters como protagonistas

Em resumo, Pre-Code é todo o período compreendido entre 1929 e 1934 no cinema norte-americano. Com a maior rigidez da vigilância, houve a proibição de uma série de elementos que, na visão de seus censores, seriam prejudiciais à sociedade estadunidense e deveriam ser abolidos das telas de cinema. Foram proibidas cenas contendo nudez, insinuações sexuais, homossexualidade, uso de drogas, miscigenação (relacionamentos entre brancos e outras raças), higiene pessoal, doenças venéreas, parto, ridicularização do clero e simpatia por criminosos, dentre outros. Até mesmo beijos demorados e casais, ainda que casados, deitados na mesma cama eram mal vistos pelo código. 

Mas para nossa alegria, a produção da era Pre-Code foi bem profícua e nos deu alguns dos grandes clássicos, tais como 'Inimigo Público' (The Public Enemy, 1931), 'Scarface - A Vergonha de uma Nação' (Scarface, 1932), 'A Vênus Loira' (Blonde Venus, 1932) 'Serpentes de Luxo' (Baby Face, 1933) e 'Sócios no Amor' (Design for Living, 1933). Agora, a Obras-Primas do Cinema traz uma coleção com quatro dos maiores clássicos desta época, estrelado por alguns dos mais proeminetes nomes da história do cinema. Confira abaixo o que vem na coleção:

Disco 01:

O Cântico dos Cânticos (The Song of Songs, 1933)


Estrelado por Marlene Dietrich, conta a história da jovem Lily, que se muda para Berlim após a perda de seu pai. Morando com a tia, ela logo conhece e se apaixona por um escultor, que insiste para que ela seja sua modelo. Seus atributos físicos acabam chamando a atenção de um barão, que além de cobiçar a estátua faz de tudo para ter para si a própria Lily. Uma ousada estátua da atriz, foi duplicada e exibida em saguões dos cinemas para promover o filme, fato que causou protestos de mulheres e religiosos.

Santa Não Sou (I'm No Angel, 1933)


Mae West é creditada por muitos como a responsável por lançar Cary Grant ao estrelato, ao protagonizarem 'Uma Loira Para Três' (She Done Him Wrong, 1933). Os dois repetiram a parceria em Santa Não Sou (I'm No Angel) ainda no mesmo ano. O que o que ninguém pode negar, no entanto, é a ousadia e o humor lascivo da atriz, que escreveu e protagonizou o longa. Uma das personalidades mais polêmicas e transgressoras de sua época, Mae West era o terror da censura e dos puritanos, com textos cheios de piadas picantes e frases que se tornariam icônicas. Aqui, ela interpreta a artista de circo Tira, que enquanto desafia leões no picadeiro, se diverte flertando com milionários e dando pequenos golpes, enquanto não arruma um marido rico.

Disco 02:

Levada à Força (The Story of Temple Drake, 1933)


Miriam Hopkins era acostumada a polêmicas tanto nas telas quanto fora delas. Principal rival de Bette Davis, a atriz interpretou ladras, prostitutas e até teve relacionamentos com dois homens ao mesmo tempo, mas ao viver Temple Drake ela teve em mãos um dos grandes desafios de sua carreira. Baseado em uma das obras mais controversas do escritor William Faulkner, intitulada 'Santuário', o longa aborda temas como sequestro, estupro e assassinato, ao contar a saga da jovem que é capturada por um contrabandista de bebidas e mantida em cárcere, como sua escrava sexual.

Serpente de Luxo (Baby Face, 1933)


Protagonizado por Barbara Stanwyck e com a pequena participação de um jovem John Wayne, o filme é um dos grandes representantes dos clássicos desta era, com o sexo como principal tema. A jovem Lily Powers é explorada desde a adolescência e passa seus dias sem muitas perspectivas. Após receber o conselho de um amigo, ela percebe que precisa usar seu poder de atração contra os homens e decide explora-los ela mesma ao invés de continuar sendo usada. Assim, ela vai para a cidade grande e começa a trabalhar num banco, usando o corpo como sua principal qualificação rumo ao andar mais alto do prédio, onde se encontra o presidente da empresa.


A edição ainda contém alguns extras, além de 4 cards e luva:

Pre-Code vs. Código Hays (5 minutos)
Discutindo Levada à Força (15 minutos)
"Levada à Força" e Miriam Hopkins (20 minutos)
Making of de Levada à Força (18 minutos)

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