sexta-feira, 5 de maio de 2017

Nell, 1994



Duas vezes vencedora do Oscar por sua atuação nos filmes Os Acusados (1988) e O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1992), Jodie Foster iniciou a carreira ainda na infância e tem uma filmografia digna da grande estrela de cinema que de fato é. Apesar da enorme diversidade de seus papéis, incluindo os premiados e mais famosos, a atriz declarou que sua personagem favorita dentre as quais interpretou é a eremita Nell, uma jovem criada numa cabana na floresta, que tem como única companhia a mãe, com quem se comunica através de um dialeto próprio.


Após perder o único ser humano com quem tinha contato, Nell é descoberta por um médico e pelo xerife da cidade, que ficam sem saber o que fazer, já que a moça se comporta como uma selvagem e fala uma língua que ninguém consegue identificar. Por te-la encontrado, o Doutor Jerome Lovell se sente responsável pela jovem, que acabara de perder a mãe e vivia em condições precárias, sem qualquer conhecimento do mundo exterior. Ao tentar ajuda-la e entrar em contato com outros profissionais, possivelmente mais qualificados para tratar de Nell, ele acaba percebendo que cometeu um erro, pois ao invés de considerar a jovem como um ser humano diferente, eles parecem vê-la apenas como uma cobaia fascinante para seus testes. Após recorrer na justiça contra a decisão dos médicos de levarem-na para um hospital psiquiátrico, Lovell recebe um prazo de três meses para provar que Nell é capaz de viver sozinha e tem condições de continuar no lugar onde mora. Junto com a doutora Paula Olsen ele se instala nos arredores da cabana e passa a monitorar a intrigante figura recém-descoberta, aprendendo seus hábitos e seus dialetos na intenção de conquistar sua confiança e entrar em contato com ela. A partir daí, ele começa a entender melhor sobre sua história, e os motivos que levaram a mãe de Nell a cria-la desta forma. 


Jodie Foster se preparou para o papel lendo os mesmos livros que François Truffaut usou para seu filme O Garoto Selvagem (The Wild Child, 1970) e pretendia ela mesma dirigir o longa, além de estrela-lo, mas acabou passando o bastão para Michael Apted. Embora sua personagem pareça bem chata no início da história, aos poucos vamos nos afeiçoando a ela e vendo o grau de entrega da atriz para o papel. Apesar disso, são os médicos vividos por Liam Neeson e Natasha Richardson os personagens que mais gostei no filme. Os dois, alias, se conheceram durante as gravações e foram casados até 2009, quando a atriz morreu precocemente em um acidente. É triste ver que ela teve tão poucas oportunidades de mostrar seu trabalho. 


O filme levanta características psicológicas e sociais importantes, como 'até que ponto nosso comportamento é influenciado pela sociedade em que vivemos?' 'Até que ponto a educação que recebemos e nossas experiências na infância formam nossa personalidade?'.. Nell foi criada pela mãe, que teve paralisia facial e por isso, provavelmente, ela aprendeu a falar de maneira errada, o que para os outros personagens era como se ela se comunicasse em uma outra língua. As experiências traumáticas de sua mãe foram passadas para ela, como o medo de sair de dia e o pavor de homens e por só conhecer os ensinamentos que lhe foram passados, sem ter outras experiências, a jovem desenvolveu pânico das coisas que lhe foram ensinadas a temer. Quando entram em contato com ela, os outros médicos acreditam que a moça é autista e até mesmo uma selvagem já que seu comportamento é completamente diferente do apresentado diante dos dois profissionais que conquistaram sua confiança e demonstraram respeito pelo seu modo de vida. 

O filme está sendo lançado pela Obras-Primas do Cinema e pode ser adquirido nas melhores lojas do ramo. Clique aqui para comprar o seu

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