sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Natal Branco (White Christmas, 1954)


Há quem não goste de musicais, no entanto alguns clássicos do gênero são tão encantadores, que arrisco dizer que conquistam até o mais exigente dos críticos. É o caso de Natal Branco, de 1954! Com um elenco afinado, encabeçado pelo quarteto Bing Crosby, Rosemary Clooney, Vera-Ellen e Danny Kaye, a direção competente de Michael Curtiz, as sempre belíssimas músicas de Irving Berlin, figurinos deslumbrantes de Edith Head e a até então inédita VistaVision, que consiste na produção em tela panorâmica, o filme é uma explosão de cores e espetáculos musicais, sem deixar de lado a qualidade do roteiro, intercalando cenas cômicas e românticas na medida certa.


Danny Kaye rouba a cena ao interpretar o mulherengo Phil Davis, num papel que originalmente iria para Fred Astaire, na intenção de repetir os sucessos anteriores ao lado de Bing Crosby, nos filmes Duas Semanas de Prazer (1942) e Romance Inacabado (1946). Astaire, no entanto, havia anunciado sua aposentadoria na época, aposentadoria essa que duraria pouco tempo, já que pouco depois ele voltaria a brilhar nas telas. Donald O'Connor foi escalado como seu substituto, mas o personagem estava mesmo destinado a Kaye, pois O'Connor acabou ficando doente e foi substituído às pressas pelo ator. No longa, Phil Davis e Bob Wallace (Crosby), se conhecem no exército durante a Segunda Guerra e formam uma bem-sucedida dupla de artistas, se apresentando nos palcos por todo o país.


Solteirão convicto, Davis ama o que faz, porém se ressente por não ter tempo para se divertir, já que Wallace basicamente só pensa no trabalho. Empenhado em arrumar uma namorada para o amigo, para que ambos possam curtir mais a vida, ele vê sua chance quando percebe a química entre Bob e a cantora Betty (Rosemary Clooney), que se apresenta ao lado de sua irmã, Judy (Vera-Ellen). 


Judy e Phil, que também imediatamente se interessam um pelo outro, decidem se juntar para dar uma forcinha para que seus parceiros de palco fiquem juntos, já que estes estão sempre sozinhos devido aos altos padrões que estipularam para seu par romântico ideal. 


Ao ajudar as irmãs a fugirem do xerife, devido a um mal-entendido, Kaye e Crosby protagonizam uma das cenas mais cômicas do filme, que surpreendentemente não estava no roteiro. As palhaçadas e brincadeiras dos dois atores nos bastidores fizeram tanto sucesso, que o diretor Michael Curtiz decidiu incluí-las no longa. É possível ver as risadas reais de Bing Crosby durante o número, pois o ator não aguentava as hilariantes expressões de seu colega, o que faz da cena ainda mais especial, por ser tão natural e improvisada. Mesmo havendo uma versão 'séria', onde os atores não riem, todos da produção foram unanimes ao eleger a primeira como a que deveria entrar na edição final.


Junto com as duas irmãs, os rapazes decidem seguir viagem até Vermont, onde ficariam hospedados num aconchegante hotel onde elas se apresentariam e aproveitariam o inverno, já que a maior atração do local é a neve. Ao chegarem, coincidentemente reencontram o General Thomas F. Waverly, seu antigo superior no exército. Após a Guerra, a situação do General não foi tão favorável quanto a de seus dois amigos, tendo deixado de exercer sua antiga profissão para tornar-se proprietário da hospedaria. Além da frustração com o novo cargo, Waverly tem como inimigo o clima da região, que ao em vez da tão aguardada neve, traz uma temperatura inesperadamente alta, afastando os turistas da do lugar e fazendo com que o hotel fique praticamente vazio. Para ajudar seu grande amigo, pelo qual os dois sentem uma enorme gratidão, Phil e Bob decidem usam sua fama para atrair o público, se unindo às irmãs para fazer um grande espetáculo e recuperar os lucros do hotel. 


Em meio aos preparativos da apresentação, Betty e Bob vêem sua aproximação crescer e se deixam levar finalmente pela enorme atração que sentem, com a pequena ajuda de seus cupidos, Judy e Phil, que por sua vez ficam ainda mais grudados ao conspirar para juntar os dois e acabam por se apaixonar também. Apesar de alguns mal-entendidos e muitas confusões, que dão o tom certo de romance e comédia, ao final temos nosso desfecho feliz, como um bom filme natalino que se preze, garantindo o nosso sorriso fácil típico dos filmes leves que buscamos nesta época do ano. 


Encerrando com chave de ouro, a canção que da título ao musical, White Christmas, interpretada por Bing Crosby pela terceira vez no cinema, é o ponto alto do longa, trazendo os quatro atores principais ao palco, com suas devidas roupas natalinas, em um número de encher os olhos. Outro destaque é a canção 'Love, You Didn't Do Right By Me', interpretada por Rosemary Clooney.


Embora Crosby e Clooney sejam o casal principal, são os coadjuvantes Danny Kaye e Vera-Ellen os maiores destaques do filme. A atriz, alias, apesar de ter sido dublada em quase todas as canções, mostra todo seu talento nos números musicais como dançarina, impressionando com sua figura graciosa, apesar de extremamente magra, pois infelizmente sofria de anorexia. Conhecida por seus figurinos majestosos, mas também por sua habilidade em esconder pequenos defeitos das atrizes, reza a lenda que Edith Head desenhou todas as roupas de Vera-Ellen com o objetivo de cobrir seu pescoço, que havia ficado com uma aparência ligeiramente disforme por causa de sua magreza excessiva causada pelo transtorno alimentar.


Uma ótima notícia para os fãs do longa é que o dvd acaba de ser relançado pela Classicline após muito tempo fora de catálogo, podendo ser adquirido nas melhores lojas do ramo, com a vantagem de ter uma edição super caprichada. Para comprar, clique aqui

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